quinta-feira, 9 de fevereiro de 2017

Deite-se
Sobre teus louros,
Expia o que te espia
E te assombra à espera
Da tua última sombra.
Deite-se e espere…
Que tua paz virá
Entre esses tiros de guerra…
Deite-se e pense na mesmice
Toda que se perde nesse lodo
Que te é o resto de existência…
Deite-se e imagine
Um tempo de paz duradoura,
Sem esses tiros perdidos,
A te encontrarem…
Sem a balbúrdia de canalhices,
Diplomaticamente chamados
Vossas excelências,
Na lassidão das grades…
Deite-se e ouça da madrugada
A letargia de sorrir
Ao novo dia!



Me enfeito
Com as palavras
Como você
Com seus colares…
Qualquer bijuteria serve
Ao propósito
De tornar-me visível,
Mas se tenho uma joia
Claro que a ostento
Com mais brilho,
Esse brilho raro
Que só pedras puras
Refletem à luz dos olhos
Areados…












Se o ser humano cresce
Quando assume responsabilidades,
Penso que cresce inda mais
Ao assumir suas irresponsabilidades









Não adianta pensar grande
E trabalhar pequeno
Pois o produto final
É o meio termo…









Com suas solas lisas
Vejo quanto viajaram meus sapatos,
E inda estão ao meu lado
Aquietados ao meu cansaço…









Quando não se entende
O assunto melhor ficar
Distraidamente mudo.







Prosaria


Que vale a entranha fisga
Se o nome da esperança
Já se torna em saudade 
Na estrada que afiniza?








A lógica ilógica:


Perguntaram ao amigo oriental:
- Que lógica teria deixar comida
   Sobre as campas dos finados?
Replicou: - A mesma de deixar flores…




Um casal começando outra pessoa


Um casal começando outra pessoa
É acontecimento em cada espécie,
O olhar da fêmea demuda-se leve,
Muda o colorido das Acontecências,

Traça planos, antes esquecido gesto,  
Na cobertura de incomuns trajetos
Vindos da púbere sonhadora messe
Já desistidos em fases adversas…

Um casal começando outra pessoa
É a floração primaveril do sexo
Entre abelhamentos e reflexos…

Põe sentido nas cores, nas aleluias,
A conjeturar motivamentos e gulas,
É a recriação ideal do universo!









Na feitura do verso se explica
A motivação de dizer-se
O que te emudece na timidez.
Na feitura o verso é uma prece…








É de se olhar e ver
O quanto pode a razão
Desacontecer…








A marcha dos desiludidos


Esses,
Que caminham
De ombros decaídos,
Não sabem bem
O valor da esperança
Nem bem o cai-cai
Dos destinos…
Que tempos tristes
Enfrentam
Esses que se desiludem
Com seu tempo
Antes de terem dele
Se iludido…













O olhar perdido,
Procurando o azul
Na paisagem branca…
























Se de algo
Me vejo abastado
É de tempo…
De chuva
Ou sol quadrado…
Visto desta janela
Correndo do outro
Lado.
Cá pra nós, presos,
Parado
Nessa forma
Comedida
De preguiça…
De fadado
Ao enfado.







Novo ano

Dedico ao Mano Antonio e família


Sempre a saudade
A nos prover bons dias…
A nos dizer as horas
De chegadas e partidas…
A cada imagem
Uma boa nova hora
Se faz bem vista…
O tempo passa
E ao passar remove
As velhas abstrações
Dessa memória seletiva.
Que tempo bom…
Esse alvejado por retratos
Numa revivência
Dos bons dias!

Grande abraço     Sergio e família







Neste tempo,
De me ocupar dos nadas,
Revejo folhas esparsas,
Algumas aproveitáveis.
Neste tempo
Sorrio aos momentos,
Sendo o que tenho
Para um abraço.
Não conto o tempo
Em invernais e primaveris,
Não me desfolho,
Não volto a me florir…
Apenas passo por isso,
De ir sem ir,
De ficar vendo partir
O trem que eu deveria pegar,
Do que eu deveria seguir,
Do que eu deveria esquecer
E partir.




Enquanto os olhos dormem


Enquanto os olhos dormem
A turba desvairada saqueia…
Enquanto os olhos dormem
Peitos rafam ao falho medo,
Vozes brandem, velhos arcam
A fugir da nefasta bandalheira…
Enquanto os olhos dormem
A moça se despenteia.
Crepitam na escura vista
Portas de aço, carros e vigias,
Enquanto os olhos dormem
Crâneos boiam pelas valas
À espreita… de seus corpos!
Haveria algo mais que possa
Acordar esse sonolento mando,
Que faz troça do parco ganho
Dessa irresponsável tropa?
Enquanto os olhos dormem
Acordam salteadores pessoas
De bem, antes tão timoratas,
Agora saqueadoras do alheio,
Enquanto os olhos dormem.

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