sexta-feira, 17 de março de 2017

Notórios


Todas as verdades
Estão expostas
Nos menores gestos…
O que fala da boca,
Ou o noticiário,
Talvez não seja o certo,
A verdade será exposta
Nos tantos gestos
Dispensados
Restos.













Todos estão comigo?


Todos estão comigo
Nisto de sentir no vento
Suas presenças,
Das primas às coisas…
E em meu rosto sopra
A presença do que creio
Seja Deus em nós
Quando precedemos
Às pessoinhas novas
A cada floração.
Todos estamos aqui
Superpostos em nossos
Caros descendentes,
Vindo de ascendentes
Com mesma genética
Que nos faz, e de nós,
Nós mesmos.






A vida dessas paredes



A vida dessas paredes
Difere da minha.
São rachaduras ou veias?
São retratos ou extratos?
Nossas vidas se completam
Enquanto coisas…
Não me sei mais que coisa
Entre paredes coisas
Com seus pregos coisas
Segurando Coisas…
E minha vontade
Segurando retratos
Desses consanguíneos,
Como pinhões nos pinhais,
Essas laranjas nos laranjais,
Os bichos dessa floresta
Plantada em nosso meio,
Sendo veio.





Sem pranto


Eu,
Que me transo
Às horas tantas,
Vivendo-me
O que me haja
Por viver,
Sei-me
Capaz de tanto,
Correr as tantas
E desacontecer
Sem pranto.












Cuidadores


Quando já só resta
Meia pessoa em vida
Preocupam-se
Com sua saúde?
O sal demais, o açúcar,
Gorduras ingeridas…
Põem-se a receitar dietas
Ao pobre aposentado,
Que já não consegue
Verba definida
Pro arroz com feijão,
Que coma frutas,
Iogurtes,
Pílulas vitaminadas…
Que se cuide!
Que se cuidem,
Brincadeira tem hora…






Musgos


Nascem,
Desses túmulos azuis,
Pessoas que há muito
Não vivem…
Ornando suas fotos antigas,
Suas poses bem vestidas,
Suas alegorias…
Aqui nascem as derrotas
De seus dias,
A forma e a fama
Em mesa e cama
Nessa imperturbável inércia
De ainda vivos
Nesses túmulos azuis
Que não os deixam morrer,
Floridos… Refloridos…
Cuidados como nunca
Em vida.





Visita


Quando
A menina se achegou,
Tem a idade de meu neto,
Não atinei que não seria
Para falar comigo…
Dessas coisas de velhos.
Meio zonzeando pelo sono
Fui deitar na minha hora.
Depois emburrou-se comigo,
Que não lhe dei atenção…
Que lhe fiz pouco…
Coisas que só crianças
Fazem gosto…










Estranho fóbico


Estou ficando
Mais educado, quando
Não gosto de algo,
Poesia ou música,
Digo que não entendi
O recado passado.
É preciso saber a hora
De parar de arguir,
Até de achegar-me…
Quando as reticências
Se tornam costumeiras
Nesses assuntos sem fim…
É preciso pôr lhes fim
Num último descarrego…
Pra começar de novo
O desassossego.







Soluto


O que acontece
Essas tardes em que
A paz é o sossego da alma?
Acontece de deslembrar
Favores e haveres,
Temores e deveres…
O encanto de se estar,
Estar em si mesmo,
Estar em silêncio,
Estar em êxtase sereno
Entre sóis se indo
E luas vindo…
De um absoluto silêncio
Entre as balbúrdias
Da manhã
E a espera pelo frio
Da noite…
Esse estar sem propósito,
Apenas o fato soluto
De estar, como se
Não estivesses
Junto.

Precisões


Talvez eu não saiba
O caminho traçado,
Como sabe o fio de água
Descendo campos…
Talvez eu seja
O último a saber
Desse meu destino,
Depois das rochas,
Até mesmo depois
Dos invernais
Desfolhamentos…
Talvez  já não respire,
Mas não o sei…
Sei que esmoreço
A cada caminhada,
Resfolego… Tusso…
E está difícil voltar
Ao ponto de partida,
Talvez eu não saiba,
Embora sinta.



A consciência


É como cabelos grisalhos,
Surge com o passar do tempo
E é preciso deixa-los
Transparecer, sem pintura…








À flor que me vem
Nessa fresta da janela
Dedico a amizade pura
Que possa vir por ela…







Esse mundo terra


Esse mundo terra
Se apequena
Frente às decisões
Da moçada…
De vez que não percebem
Os erros de jornada…
Talvez seja tarde
Para reconsiderar
O tempo virado em dias
Por esse mundo
Pacientemente…












Dúvidas


Que parte de mim
Pergunta?
Que parte de mim
Responde as dúvidas
Da criação?
Diz-se que o coração
Pulsa
Aos três meses de gestação
Para irrigar a criação
Dos outros órgãos…
E continua teimosamente
Resistindo à frouxidão
Exangue de todos…










Procura


Esta voz
Que chama de longe
Traz um não sei
Que de ternura
Embora grite nomes
Que não sei d’onde…
Não se exaspera
Por não ter resposta…
Apenas grita,
Nomes de sua prole?
Talvez ao assobio do vento
Esta voz chame dos longes
Seus rebentos.










Ah… Essa alegria…


Ah… Essa alegria…
Um tanto desbragada,
De um gato com botas,
Uma Alice num país
De suas maravilhas…
Inventados no país do nada,
Surgidos sabe-se lá d’onde,
Elefantes voadores…
Ratos falantes…
Neste infindo otimismo
De seguir adiante…















Quereres



Se quiser,
Como quisera,
Ir adiante,
Como fora ainda
A manhã dos ontens,
Subir a serra e
De lá de cima
Olhar o chão
Aos pés da rampa
Sentindo o sol
Em sua chegança,
Abrir aos claros
As flores da noite,
Deixar inda hoje
Florirem à luz…
Se quisesse,
Com assim o quer,
A paisagem seria
Sempre radiante.







A vagarosidade
Do barco entrando ao porto
Mostra que o sonho
Pode ser-te absorto…







Todas as vozes corridas
Dizem a mesma verdade
Ao finar cada lida…









Derrubança


O vento vem derrubando
Flores e ideias novas,
Muros que viram pó,
Marrecas a se esconder…
O vento vem derrubando
Os sonhos dos moradores
E a eficácia do construído
Tijolo sobre tijolo
Na potência do fazer,
Que o ser complica as obras
Tombadas ao fenecer,
Que o vento vindo ventando
Fez tamanho desacontecer
Que é o mesmo vento seguro
Que ontem derrubou muro
Que o vento põe a perder…
E por toda madrugada
O vento vem derrubando
As formas de já não ser.




Desta hora


Que bom seria relembrar futuros,
Voltar no tempo assim desértico,
Ouvir do outro lado desse muro
Que tudo poderia ter dado certo.

Mas esta face envilecida mostra
A outra face, a das desalegrias,
E pode ainda encontrar-se torta
Entre todas as nossas nostalgias.

Seria canto extremo da cotovia
O verso torto que ainda te faria
Acompanhamento desta hora?

Que o mesmo nome inda irradia
O que se foi de nós naquele dia
Em que abriste a mim tua porta.

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Lua sem mel


Dessa lua sem mel
Aos primeiros passos,
Não da infância,
Que há tempos foi-se,
Do concubinato ofertado,
Há de dizer se arrependida
Voltas ao lar, antigo ninho,
Deixado ao desabrigo
Do desamor oferecido
Como resposta ao frio
Rastilho…
Quem pode o canto definir
Se alegria ou choro,
Pássaro preso ao desconsolo
De em vida desprometida
Ver-se morto?













Todos seríamos covardes
Se ao ouvir esse estrondo
Não tivéssemos curiosidade.











Do imerecido retorno
Às coisas fúteis da lida
Uma palavra de estorvo
Deva ser a despedida…












Às coisas levadas
Pelo mundo
O meu amor
Mais profundo…
















TENDO DITO TUDO
O LÁPIS FICA MUDO





























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