sábado, 22 de abril de 2017

Desagasalho


A próxima etapa será
Um NÃO Retumbante!
Um não pela vida afora
Virá vestido de preto,

Será um não aos sonhos
Sem adereços nem nada…
Talvez uma coleira aberta,
Dessas chamadas gravata.

Desagasalhado respondo
Com esse Não destronado
À realidade de realizar-se…

Deixados de sonhar nu
Talvez um não à resposta
Que não foi perguntada.






Por certa vez


Por certa vez, visto a chorar
Ao canto parecido em festa,
Posto assim a indignar-se
De em lágrima transparece

Toda tristeza que existe
De ter marcada sua hora
Entre essa forma de triste
Ao canto da alegre aurora

Nesta verdade que impera
A lembrança daquela hora
De péssima memória

A sua pose de estar triste
Mostra já não ser tão certa
Como a tristeza de agora






De todos os animais


De todos os animais
Que (des)conheço
O que mais se assemelha
Ao meu pensar consciencioso
É do gato que me espreita
Pois sorrateiramente espiona
Meus gestos no diário feito.
À noite, já cansado, o vejo
Acordar-me ao leito como
Minha consciência do que fiz
Frente ao que deveria ter feito,
Neste dia que se acaba
No nosso leito volto a dormir
Ignorando gato e mente,
Que o que foi feito está feito,
Não tem mais jeito.







Do lado de dentro


Do lado de dentro
A consciência aperta a saudade…
Há um ritmo lento
Desse coração estouvado
De procurar batidas menos graves.
Do lado de dentro
A força motriz é mesmo calhorda
Aparando arestas
Que deveriam estar à vista,
Espantando lembranças…
Do lado de dentro
O suor de fora exorna a febre
Que te faz subir montanhas
E descer ao mar,
Incansável.








Trouxada


Essa trouxa de roupa suja,
Que se lava em casa,
Esparrama espumas pela calçada
Ante a primeira enxurrada…
Essa trouxa se expande
Em tantas outras que emanam
O sangue espremido entre chamas
De um fervido macacão em graxa…
O valor do fogo fervendo a lata
É como se o antigo inda valha…
Essa trouxa, trazida ao ombro,
Pesa nos escombros dos dias
Levados pela espuma
Nas calçadas…



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