sábado, 29 de abril de 2017

Domação


Consegui domar
Minhas doenças,
Já as tive, várias,
Selvagens, renitentes,
Mas acalmei-as
No chicote, como feras…
Agora convivemos bem,
Civilizadamente…
Ainda com o chicote
Abanando pílulas…
Pílulas… Pílulas…
Antes de cada
Esquecimento…













Todos os caminhos
Levam ao nada…
Não se iluda, o fim é
Começo de caminhada…








Para bem viver


A camisa
Não precisa ser nova.
A camisa
Precisa estar limpa…




Avizinhados lixos


As coisas que escuto,
Só por ter ouvidos,
Melhor serem moucos
A esses maus sentidos…
À hora da descarga
Das razões esparsas
Entre futilidades…
As coisas que duvido,
Inda que tenha ouvido,
Dessas conversas parcas…
Melhor seria não ter
Tais avizinhados lixos.











Criticadores


Os que me sabem
Podem criticar…
Ou elogiar.
Os que não me sabem
Apenas podem ouvir…
E discernir.

















O outro lado do rio


Do outro lado do rio
A vida escorre solta,
Pode seja que se eternize
Além no mar que a abraça
Ou no ser humano
Que a escravize.
Do outro lado do rio
A cidade cresce esgotos
E principia a fazer lodo
No mofo improperado
Ao límpido fluxo d’antes.
Do outro lado do rio
As casas vistas mansões,
Os risos postos aos serros,
Os cães a esbravejar
Quando o menino de cá,
Deste lado do rio,
Atravessa ao dia de festa…
E se espanta.


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Das tantas ausências
Conduzo a presente,
Entre o vivido ontem
E o esperado hoje








A cachoeira tinha uma fazenda
D’onde banhava a nós, meninos,
E nos mostrava a paisagem
A mando dos olhos ladinos…







Pungente


Pungido sofro
As opções de ser
Alguém que não posso…
Volto-me a mim,
Como espelho questuário,
Vejo-me ao belo
Gesto querido ser
Nos fios restantes de cabelo
E zelo do que restou dever…
Tudo se mostra pronto,
Levado a ser o que não era,
Fosse-me dado escolher
A que esfera seria
Espelhado ser.









O vento apara janela


O vento apara janela.
Seria abençoado, não fora
O cobrador à espreita…
O claro já se faz velho
Entre chumaços de fumaça
Da terra árida, podada,
O bêbado reclamão
De seu último cigarro,
A cigarra cantoreia
O que seria seu verão…
Mas foi-se com a noite ida
A última estrela caída
Rente ao corrimão.










Retórica


Outra vez escuto
Falar em deus…
Outra vez peca o santo
Homem do meio…
Enfim, depois de tantos,
Um Papa a dizer a verdade:
- “prefiro um ateu sincero
Que um rezador vazio”
Foi mais ou menos assim
Que me dizia padre Paulo:
- “Adão é uma metáfora”
Mas ainda hoje alguns
Descendentes dele creem
Vindos desse barro…












Este dia, amadurecido,
Espreguiça-se no meio dia
Refendido o suor vencido…







As alegrias são mornas…
Às vezes queimam, mas,
Tudo não é bem assim?













Traz essa tristeza miúda
Para dentro de ti…
Por fora é que não caberia,
Senão, chorava, não sorria…






A paz é a que mereces
Acumulando feitos…
Que jeito assim o faria,
Não já o tivesses feito?


































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