domingo, 2 de abril de 2017


O espectro das coisas mortas
Acompanham os vivos…
Onde quer que se vá
Algo em ruína expõe suas feridas doloridas





Quando alguém diz
Que é louco da cabeça,
Procuro lembrar
De alguém que um dia
Se tornou louco dos pés…











Todos sabem
Que as fotos sobre as campas
Enganam,
As pessoas dessas fotos
São ossos limpos lá dentro,
Esperando remoção.
Todos sabem…
Mas não aceitam
Essa simples realidade:
Só os ossos sorriem
Para vocês.
O que seria o ser amado
Já se foi…
Ou se findou antes
De ser exumado,
Vazio.










O dia já não é,
Como se fora tarde ouvir pássaros
E conselhos,
Mas a voz da mãe continua
Fraseando razões e desrazões…
O tempo desnudado,
O pai na saudade da esperança.
O pai agora sou eu!
O dia já não é
À frente da batalha
Onde o tempo me perdeu,
Onde a chama preocupante
De ocupar a noite
Com sonhos para amanhã.









Meu incorrigível otimismo


Sempre a esperar mais
Que ontem…
Talvez uma boa notícia,
Um envelope,
Um contrato com valores,
Aceites, convites…
Nada para hoje?
Outra vez procuro
Minha esperança
Ao ver o carteiro,
Mas ele traz apenas
Contas a pagar.
Mas, Meu incorrigível otimismo
Diz que amanhã
O novo dia trará boas novas
No acordar do dia novo.










Todas as palavras
Remetem
À ideia semeada…
A língua do amor
É a língua solta,
A que diz coisas belas
E feias…
A que demonstra desprezo
Pelo silêncio…
Mas se cala.













É preciso quebrar
A monotonia…
Uns criam peixes,
Outros criam palavras…





Pelos passos dessa estrada
Desagreguei meus degredos,
Depois de tantas braçadas
Ainda não me põem medo.













Sóis dos dias


Tudo confuso?
Na consideração dos outros
Procuro olhares benevolentes
Ao meu sentir-me amado,
Mesmo que desame essa gente…
Somos aos pares ímpares parceiros
Com ideias próprias a cada evento
Que se muda a cada momento
Como faz o sol da tarde
À vista do sol de cedo.
Tendo perdido ao cheiro das acácias
O cultivar dos medos,
Essas miúdas plantas, dito daninhas,
Entre as plantadas florando cedo.
Ah… Fora mais tarde o mesmo sol
De cedo… Faria a todos a surpresa
De descerrar o que me faz
Segredo.



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Escombros


Os escombros de uma vida
Fazem parte dessa vida,
Eles estão mancando
Seus passos velhos,
Seus braços usados…
Devido aos anos vencidos
Passeiam suas bengalas,
Arrastam-se por suas vidas…
E voltam,
A ser o que não foram
Antes desses escombros
Cegarem
De vez suas memórias
Desavidas,
De tempos idos.








Setentanos


Fernando Pessoa viveu 47 anos,
A se queixar da pobreza da memória.
Isso me conforma esquecer os antes…
Deslembro de tantos…
Nem lembro de mim entre… Aí releio: 
“No tempo em que festejavam
O dia de meus anos” É, Fernando,
A prática de correr os olhos
Pela mesa cheia…
A mesa e suas respostas…
Aí me conforma a dor de já não ver
À mesa a mesa posta, não de farturas,
Da presença alegre que festejavam
O dia dos meus anos…
Tão passado de mim
Que já não importa a ausência
Para além de minha porta.
A presença dos novos
Me conforta.




Liquidificado


Às vezes
A solução é a dissolução…
Como quando se prepara um bolo
Dissolvendo ingredientes,
Ou quando se prepara uma pessoa…
Dissolvendo ideias, Talvez ideais,
No preparo de uma profissão:
Médico, engenheiro, pastor,
Acaba virando político?
Que decepção…













Olhar fechado


São olhos abertos
Com o olhar fechado
Esses que não vêm
Saudade no passado,
No passar das horas
Deixadas passar…
Nem futuro na espera
Que se tem de esperar,
Nem no instante agora,
Olhando de fora,
D’onde nem se está…












Essando?


Toda vez que encontro
Uma palavra diferente,
Vou ao dicionário saber
Se ela me mente…





Neste pensar deferente:
Se a poesia se repete
Ou se repete a gente…





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