terça-feira, 16 de maio de 2017



NO CONVÍVIO DOS ANOS
PERCEBO QUE POR VEZES
NÃO SOMOS NADA, POR VEZES
SOMOS O DOBRO, NESTA ESFERA GIRATÓRIA EM QUE NOS
ALBERGAMOS TODOS…









AOS QUE SE ATREVEM NÃO LEMBRAR:
MESMO POR POUCO TEMPO NA VIDA
TODOS TIVEMOS UM PAI!





O sentir das horas


Já é hora de partir de novo?
Deixar por fina a luta,
O pão, o circo, o medo?!
Assim fazem as andorinhas,
Quando empenadas as crias,
E colhidos os arrozais
Desse clima que se esfria,
Lembram sempre que há
Um verão surgindo n’outro lugar…
É hora de partir de novo,
Quebrem-se as lembranças,
Firam-se as campas…
Saber que o ponto de partida
É só um ponto d’onde partir,
É hora de mirar o ponto onde
Pegar de novo pão, novo circo,
Sem medo desse escuro
Que possa ser a manhã à frente.
Deixar as crias empenadas…
As dores esquecidas…
Para novo lugar na vida!



Lembrete


É quase sempre um engano
Acreditar no serumano…









Veem   de ver. Vêm de vir. Vão de ir.
Feliz cumple que la pase lindo
y tenga un dia maravilloso






Por querências


Por amor ao próximo.
Por amor ao dinheiro.
Por amor à aventura.
Por amor ao mal-amado…
Tudo pode, por amor,
Menos dizer a verdade
Quando fere a mentira
Que se fez empática?
Por amor à verdade
Cala-se a voz irritante
Ou não será perdoada.












Calados


Os pássaros voam
Para árvores distantes
De nós homens…
Os ratos se escondem
Em buracos vazantes,
Por nós, homens…
Os leões se refugiam
Nas estepes longe…
Os jacarés fogem
Nas águas límpidas,
As cobras se alertam,
Por nós, homens,
Presentes armados
Entre as espécies…
Maus, predadores,
Vorazes… Não há
Animal mais temido
Por nós, homens,
Que os próprios
Homens!



Ausências


O peixe nada
Em mar aberto
E não volta…
A tartaruga
Se espraia
E não volta…
O calango
Se esperta,
E não volta…
Até a árvore,
Se pudesse,
Mudaria
Ao incêndio,
Sem volta…









Script


A vida é
O que dela se faz ser…
O poema da vida
Se fez por merecer?
Será suficiente
Amar e ser amado?
Será possível amar
E ser odiado?
Nem sempre se encontra
A cena definitiva
Da palavra vida.
Por isso repete-se cada frase,
Por isso repete-se cada fase,
Por isso esperte-se cada vida.
O que estava desenhado
Com pontos X a serem vistos
E respeitados neste palco,
Nem sempre ocorrem assim,
Com a facilidade de viajar,
Sem ter viajado…



Discurso?


Tem de se estar vivo
Para dizer o discurso
A ser ouvido…
Tem de se estar vivo
Para ouvir o discurso
Fazer sentido…
Tem de se estar vivo
Ou a verdade será mudada
Para outra situação,
Irrelevante?
Tem de se estar vivo
Para as relevâncias
Se tornarem relevantes…
Na verdade
Tem de se estar vivo
Para poder mentir
Essa verdade que te habita,
Em sendo dita e redita
A cada pista.




Palco


Meditemos…
A frase inicial
É o de menos.
A partir daí
Tudo será ouvido,
Ou não…
Que o ouvido
Da mente
Sempre
Tem razão.













Sementeamento


O poema na mente
Tenta encontrar saída
Premente…
Vaza pelos poros,
Extravasa pela fronte
Suada de verbetes…
O pensar o poema
Filma cada época,
Cada vertente,
Cada coturno
Do soldado ferido,
Cada depressão
Do empreendedor
Falido…
Esse é o poema,
Lavrado, urdido,
Semente…






Silêncio por segundos


Feche os olhos,
Quer ver o mundo real?
A mente enxerga melhor
De olhos fechados…
O som dessas vozes
Será mais ouvido…
Os passos da verdade,
Os suspiros da mentira,
A idade da falsa loura,
Do rapagão de sessenta…
Feche os olhos
E o tempo será mais lento
Entre segundos
De silêncio.









Canção do mais querer


Todos
Os silêncios serão ouvidos
A partir desse princípio
De esquecer ruídos indesejáveis,
Até mesmo o zumbido no ouvido.
Ficarão do lado de fora
As reclamações do horário, da fome,
Dos cilindros rangentes da tarde…
Do lado de dentro apenas o sussurro
Do sono aliviando a apreensão
Pelo próximo passo…
Todos os silêncios…
Todos.











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