terça-feira, 2 de maio de 2017

                                              Terra de Santa cruz

Consta que na carta em que Caminha noticiava o Rei sobre as benesses e estranhezas da Terra de Santa Cruz, além do que deveria descrever sobre, pedia um empreguinho para um seu parente. Trinta anos depois o Rei D. João III rateou o território entre os nobres da Corte, em capitanias hereditárias, com o intuito duvidoso de “preservar” a união. Sei… No mesmo sistema de apadrinhamento deu-se a desocupação das casas no Rio de Janeiro para acomodar os fugitivos da pressão de Napoleão… e por aí vai até a Conjuração Mineira, no ano de 1789 liderada por Joaquim José da Silva Xavier e a conjuração baiana em 1798 liderada por Cipriano Barata, cujo principal objetivo era libertar o Brasil do domínio português. O lema era “Liberdade, ainda que tardia”. Para não estender muito no assunto, destaco a participação de Tomás Antônio Gonzaga, por ser autoridade de confiança do Império: DAS “CARTAS CHILENAS” obra do Poeta, tiro pequeno trecho para vosso julgar da similaridade com a atual Corte Suprema e seus julgamentos: “O povo, Doroteu, é como as moscas que correm ao lugar, onde sentem derramado o mel, é semelhante aos corvos e aos abutres, que se ajuntam nos ermos, onde fede a carne podre… À vista dos fatos que executa o grande chefe, decisivos da piedade que finge, a gente corre, a ver se encontra alívio à sombra dele. Pois dessa forma entende o néscio, em todos os delitos e demandas, pode de absolvição lavrar sentenças... todos buscam ao chefe serem bem vistos, triste privilégio de mendigos…” “Ah, tu, meu Sancho Pança, que foste da Baratária o chefe, não lavraste nem uma só sentença tão discreta! E que queres, amigo, que suceda? Esperavas, acaso, um bom governo de nosso fanfarrão? Tu não o viste em trajes de casquilho, nessa corte? E pode, meu amigo, de um peralta formar-se, de repente, um homem sério? Carece, Doroteu, qualquer ministro, apertados estudos, mil exames. E pode ser o chefe omnipotente quem não sabe escrever uma só regra onde, ao menos, se encontre o nome certo? O outro pede que lhe queime o mau processo, onde está criminoso por ter feito o mandado, diz que os herdeiros não lhe entregam o bem deixado, e ralha contra juízes, mortos, que lhe deram sentença e que a fazenda lhe tiraram, Lá vai uma sentença revogada, quando já de cabelos brancos, manda que entregue aos ausentes grossa herança” Assim vai, de semelhança em semelhança não me é difícil antever possibilidades sobre o final do atual processo LAVAJATO, levado à Suprema Corte, e de lá mandado soltar os condenados antes. Ao ver nos jornais os acertos delatados e suas consequentes alforrias, para cada amigo do Rei atual, soberbamente assentado em última instância. Quando deixaremos de ser colônia nessa terra de Santa Cruz?

Repito: Pode, amigo, de um peralta formar-se, de repente, um homem sério?

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