segunda-feira, 5 de junho de 2017

Inadvertidamente


Quando refaço planos
Desenho novos conceitos,
Que já deixei para o antes
Os velhos sonhos desfeitos…
Quando refaço planos
Nesses desenhos em eitos,
É em suas entranças que
Volto inadvertidamente
Aos rabiscos pertinentes
Àquela infância…




Por que chorar?


Não há porque chorar
A morte do corpo
Se se esvai em dores.
Vejo isso como boa sorte,
Livra-se a alma
Desse peso morto.
O bom da vida
Não é juntar tesouros,
Mas vive-la na tranquilidade,
Cobrir-se ao manto os louros,
O bom da vida é deixar saudade,
Portanto
Não há porque chorar
O bom que foi-se,
Se apenas a dor te faz lembrar
O velho corpo.







Arranques


Madrugada fria,
Fria poesia,
Frestada à hora
Madrugada.
A gente pensa,
Pensa que pensa,
Que a noite é longa
Feito eternidade.
Mas cedo acaba
Como tudo acaba:
Iluminada.



Pensamentos


Pesa-te o pensar
Que o tempo foi-se
Pelo ralo
Das horas vadiadas…
Mas pensar
É apenas suar a mente
Entre o plano e o feito.
Então, se não tem jeito,
Pensar-se híbrido
Entre detalhes
Inconsumíveis
E formas fáticas
Desse sentido.




A loucura da lucidez
Persegue a razão…
Haveria um meio
De dizer quer não?




Me encontrando
Nos desencontros…
Soluciono a indecisão
E pacificar-me.








Tudo tão explícito:
O que os olhos não vêm
O sentimento alcança…



E COMO DÓI…



HOJE TEM MARMELADA? 
-TEM, SIM SINHÔ!
HOJE TEM GOIABADA?
-TEM SIM SINHÔ!
O PALHAÇO O QUE É?
- É LADRÃO DE MUIÉ…
O POLÍTICO O QUE É?
- É UM CHUTE NO SACO
E um tiro no pé...





O cansaço te desespera?
-Só não posso desistir
De mim nessa espera…







O que faz chorar


Quando a foto de um lugar
Lembra uma pessoa
Ou quando ver a tal pessoa
Lembra um lugar?





Seria legal…


Ouvir a cor do céu
Em noite límpida…
Ver o canto da bem-te-vi
Em sua resposta…
Sentir o som da fala
Do primeiro mugido…
Do primeiro riso…
Do primeiro coaxar…
Do bigornear da araponga,
Do chalrear da baitaca,
Do afar do beija-flor,
Do gloterar da cegonha,
Talvez até do silêncio
Da girafa… Mas,
No gazear da garça
O gato bufa, o cão uiva…
E tudo que posso
É me calar à zurra
Desse animal de estufa.

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Favas


Nunca vivi na roça.
Mas a roça sempre viveu em mim,
O cheiro das colheitas,
Das queimadas…
Da terra mexida para ser plantada.
Do plantio,
Da florada…
Ah, a florada do cafezal…
O branco a se tornar vermelho
Da fruta doce do café
Antes de colhido e secado…
Nunca vivi na roça?
Mas a roça inda cheira
Quando
Viajo as tardes vadias
E me vejo entre as flores
Da estrada…






 Na imensidão do silêncio



Essa falta de vozes
No interior do templo
Faz bem maior o silêncio
Que me quer calado.
Lá fora,
Entre os tantos gritos,
Longe da meditação,
Mas não é de diálogos,
É tempo de decantações,
Desertadores do templo
Laminados ao pé do Santo
Cuidando suas pessoas
Perdidas em dissertações
De seu tempo…








Cansaços d’alma


O peso dessa alma cansada
Sucumbe à força do braço,
Abraço que volteia,
O cão sabe a força do laço
Que o peia…
O peso para essa alma
Talvez seja o amontoado
De vidas nas trincheiras.
Desde os primórdios
Do velho testamento
Aos templo colhedores
Desse dízimo de agora…
Pena essa alma, talvez,
Pelas culpas assumidas
Entre o crente das falácias
E o seguimento de vidas…







Segundo meus versos


Segundo meus versos
Sou aquele que surfou entre eles
E surtou ao dessaber-se deles…
Segundo meus versos
Viajei o mundo sem escoras,
Até mesmo quando não.
Segundo meus versos
Batalhei os tempos de arribação
Entre a alegria e a responsabilidade
De me ser, adulto, pai, dever.
Assim,
Segundo meus versos
Deixei para depois projetos
Que estão esquecidos
Em alguma gaveta de meu cérebro
Deixados fenecer
Por certo…






Momento a sós


Tivemos momentos bons,
A perder na desmemoria,
Que se foram aos cantos
Ao sabor de cada hora.
Preciso foi a lisura
Para deixá-los nesse vácuo
Das desventuras….
De perder tempo a imaginar
Momentos a sós…
Essas lembranças tão esquecidas
O que teriam pra dizer
De nós?











No tempo revivido


Nesse tempo vivido
Não procurei aventuras,
Elas é que se ofertaram a mim,
Vindas ao clamor adolescente
Despertando para as cores novas…
Há de vir, ainda, a qualquer hora,
Uma nova onda aventureira.
Que pena, se demorar muito
Encontrarás a dor envelhecida
A travar os sonhos
Que esperei da vida.






A lembrança dos fatos,
Que não existiram,
Faz a festa nessa mente
Cansada de retiros…








As ideias velhas,
Algumas vezes ditas,
Lembram xícaras sem asas
E cabeças aflitas










A pré vida
Tinha tantas certezas,
Que foram-se diluindo
Confrontadas com o tempo,
Esse implacável juiz,
Que indefere sonhos gratuitos,
Por serem caros demais
Nesses sentidos banais
De ir-se…
Quando outros estão chegando
Ao mesmo lugar, indecisos,
Das vidas por viver antes
Aos tempos por viver ainda…




A noite está passando,
Eu não quero dormir,
Quero ficar acordando…





A meia DO PÉ esquerdo


Tem um furo à altura da canela
Outro furo na ponta do dedo,
Embora longe da vista alheia,
Esse sim, me incomoda…


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