quinta-feira, 13 de julho de 2017



Tudo foi tão bonito
No tempo das esperanças…
Do sol da manhã à era
Dos entreveros…
Fazia dó ver meninos
Escondendo erros,
Com faz dó hoje
Ver homens catando fomes
Nos restos do outro homem…
No pós guerra era tudo bonito,
Que eu não sabia a miséria alheia
Com o saber d’agora…
Assim é o tempo no tempo
De tempo inteiro.












Alcanças, homem,
O fundo do mar
E das consciências
Para descobrir-se
Nas profundas d’água
E dos viventes…
Onde é igual a superfície,
Das pessoas e do mar,
Nessa desdenha.

















Tenho pisado
Em areias movediças…
Onde encontrar a terra firme
Que assisto na fala de outrem?
São todos vitoriosos,
Até mesmo na derrota,
Passam reluzindo carros,
Mulheres de novidades,
Enquanto suo meu salário!
Mas nessa aparente terra firme
Há o choramingo
Atrás das cortinas sorridentes.














Hoje encontrei minhas mãos
Como nunca vira antes,
Pálidas, envelhecidas, turras,
Porque antes não tivera a idade
Que tenho hoje, de cansaços…
A discrepância das horas vindas
Num dia a dia de sol e lágrimas.
Hoje, tendo encontrado minhas mãos,
Descubro quanto as tinha perdido
Nos entreveros das tardes,
Nos vilipêndios dos dias…















Uma vez distendi-me em tantos,
Que sorrateiramente me traí
Olhando os longe com intimidade,
Que me pareciam mesmo ali…
Corri atrás daqueles sonhos vagos,
Entre sonhos vagos me perdi.
Outra vez desistira do intento,
Machucado voltei-me a rever
Futuros no espelho dos passados,
Agora faço palavras como lanças
Tendo como alvo o próprio peito,
Já que não tenho talento
Para mirar o desafeto.













Depois da manhã amanhecida
Eis-me aqui,
Frente o farol da existência,
Soletrando as mesmas
Primeiras letras, que ao tempo
Confundi com cirandinhas
Arrodeando pensamentos…
Depois da tarde envilecida
Eis-me aqui,
Entre flores e espinhos,
Querendo bem mais ser
Do que eu tenha sido
Entre as flores refloridas
E a manhã amanhecida.









Feito menino bobo


Estou feito menino bobo
Vendo balões de junho
Subindo ao céu de inverno
Voltando em fogo…
Feito menino bobo
Pela espera de milagre
Sobre a aparição das tardes
Que voltaram a brilhar
Aos meus olhos inocentes
Desses tempos invernais…
Feito menino bobo
De quando pensava sonhos
E terminava excitado.
Feito menino bobo
Mesmo crescido e arranjado
Nessas vestes comportadas
E passos trôpegos…
Que menino é este que sou,
Assanhado a não mais querer
Que o dia se acabe em festa

Outra vez?

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