sábado, 4 de novembro de 2017

Papéis


Papéis
Que eram para ser
E não foram…
Papéis
Usados em desuso…
Papéis
Levados a sério, ou risos…
Papéis
Que viajam meu juízo…
Todos enfiados sob a luz
Do que preciso…
Ou não preciso
Para meu uso.










Desagonias


No cais um vapor,
Que já não vaporiza a memória…
Um senhor de engenho,
Que perdeu sua engenhoca…
Somos iguais nesse sonho
Apagado na memória
De ir-se embora…
Eu, o vapor morto, o engenhoso,
Passando pelos momentos
De nossas vidas sardosas…
Houve melhoras e pioras,
Mas isso menos importa.
Importa este momento
E sua desagonia
De ser passado…








MINHAS DÚVIDAS:
(Em visita ao cemitério
na semana de finados)

É PRECISO MORRER
PARA SER LEBRADO,
OU MORRENDO
SE É ESQUECIDO?





Fósforos


Os grãos de feijão reencarnam
À espera da transformação…
Melhor que os pinus
Transformados em palitos…






 Rugas


As cobras, as árvores,
Trocam suas casas…
Apenas os serumanos
Enferrujam com elas…








Sobre esse chão
Pisaram os dinossauros,
Agora, coberto de asfalto,
Pisam novos dinossauros…







Colcheias


Colcheias
Passeiam
Pelas veias,
Consome-se
O tempo
De memórias,
Para decifrados
A glosa começa
Em décima
De dois versos
Na metade
Da semínima…
Para todos
Os maestros:
A terra absorve
Os ossos
Restados
De uma guerra
Íntima…







Depois do recomeço
Tudo parece mais azul
No horizonte embaço…








De quando se apregoava
Que a terra era plana
E o sol é que girava, a verdade
Tem prazo de validade








Visita ao túmulo
    publicado

Aqui estão pessoas amadas?
A grama cobriu suas lajes,
As formigas tomam conta
Desse abandono… É grave
A impressão de sermos NADA!
A cada passo um número,
Um nome, uma espera datada.
As minhas recordações variam,
Como dos rezadores silenciosos,
Outros cantam, gritam amém!
Todos viemos rever pesadelos
Cifrados nesses corpos vazios,
Decompostos, deixados aqui
Há um tempo… Somos pessoas!
(Até as que não) Esta verdade
Aflitiva passa, deixando flores, 
Voltando ao afazer da sempre
Preguiça de pensar o amanhã.





Cadeira na varanda


Com as mãos crespadas,
Olhos cansados olhando vazios,
Desesperança ao tempo ido
Das enveradas sutis, pausa
Uma expressão de vago anseio
Pelo amanhã do amanhã…
Assim vejo o pai
Tonando as horas febris
Ao tempo límpido
Das manhãs antigas…
Ainda enlevado de memórias
Que abarcam elos válidos
Com essas horas ficadas
Na ilusão das auroras
Deixadas nevoar…
Assim lembro o pai…
De saudade e apreensão
Nessa idade, agora minha,
Chegada à hora vencida
Da manhã de hoje
Deixada pousar na estrita
Espera da aguada mole
Vinda a calhar…
Abstrações


A distância
Faz o grito cessar
Ao ouvido desatento.
O relógio cucando
Não é para lembrar,
Mas para esquecer
O tempo vivido…
O que pode haver
Atrás dos ponteiros?
As pessoas crescem,
Os sonhos diminuem,
A primeira fúria
Se acalma...
O tempo
Só perecerá tempo
Quando deixar o hoje
Para ser o era,
Sem lamento.

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Colcha de retalhos


A colcha pode mostrar
Quadrados formais de cores
Que advenham das ideias,
Sonhos… Desensonhos…
Como pode descosturar
Esses mesmos sonhos.
Estava eu em teus sonhos
A perambular por teu zelo
A reencontrar-te em mim
Quando me vi estranho
Esperando ser um zumbi
Nesta colcha que costuras
Retalhando velhos trapos
Com a alusão aos factos

Por onde me perdi…

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