quinta-feira, 1 de fevereiro de 2018


O casal


Sentados à porta
De sua pequena casa
Os dois idosos riem…
Atoa se divertem,
Com pouco se alegram…
Pergunto sobre,
Eles riem de novo
E explicam que,
Com suas mãos calejadas
E suas pernas tronchas
E suas cabeças esquecidas
Descobriram hoje
Que o inferno não existe,
É apenas uma ameaça
Ao mal comportamento…
Eles riem
Porque já não se lembram
De terem se comportado mal,
Agora que mal se comportam
Eles riem…



A sala de espelhos


Os momentos
São como uma sala
De espelhos…
Depende
Do lado que você olha
Você se verá gordo,
Magérrimo,
Legal…
Mas é tudo
A mesma mentira,
Tudo igual…












Temores


A fé que nos dirige
Faz com que aceitemos
Nossas deficiências
E não briguemos na rua
Nem corramos do outro
Ou enfrentemos o olhar
De desconforto…
A fé que nos dirige
Nos faz certos e eretos;
Ou isso o que faz
É o medo?

CONVIDO A VISITAR MINHA PÁGINA
COM VÍDEOS E TEXTOS. Disponíveis
No blog Sergiodonadio.blogspot.com
Editoras: Scortecci, Saraiva. Incógnita (Portugal) Amazon Kindle, Creatspace
Perse e Clube de Autores
E seus distribuidores.











Quaradouros


Vou estender ao sol
Meus desconfortos,
Secar as mágoas
Que entristecem
E umedecem a fronte.
No mesmo varal
Das incertezas dependuro
A dor dessas ausências…
O riso… O riso não se fez
Preciso quara-lo
Entre outras faces
Da existência.











Promoções


Esta parede amanheceu
Cheia de sol,
Mostra-se ao dia
Com seus letreiros múltiplos,
Aqui se faz o preço
De cada dia novo…
Na oferta da terça
Invalidando a segunda,
Se não validaste o que querias
Foi-se a vantagem deste dia…
Na quarta amanhecerá cheia
Dos sóis das quintas…
Foi pouco?
É a festa de cada dia
A cada gosto.











Eu canto
as cores do dia!
Na ária desse quintal
Acho muito normal
sentir as cores
De cada pedra, da flor
Na florescencia
do mangericão,
Nos pulos do gato,
Nas faíscas na lenha…
Sou grato à visão
que me dá a vida!
o cheiro das chegadas
E de cada partida…
Dos gestos treatrais
das coisas vivas.
Da água que nos guia…
Sou o que canta
as cores do dia!




O cansaço das horas


O tempo vai além
Do cansaço das horas…
Me sinto ausente
Nesta tarde de memórias,
Ausente de mim,
Presente na redondeza
De árvores e cães latindo,
Flores florando floradas minhas…
Estou no armário com minhas xícaras,
Na mesa com o alcatre acebolado
E as saladas frescas…
Na foto na parede, no relógio,
Na hora que marca
A não hora perdida…
Ausente nos compromissos,
Com tudo que me chateia,
Presente na redondeza
Com coisas que me rodeiam
Sem presença garantida.




Purezas


Poetar é poetizar
A necessária fúria do dia…
Neruda já dizia que a poesia
Fizera dele o sonhador das águas…
a perfuração da sombra,
o vazio constelado do céu distante,
e o mar… O mar…
o último amante.
N’0utra palavra:
“A pura sabedoria
de quem não sabe nada”













Tédios tardios


Quando nascí
Minha Mãe já parira
Nove vezes,
Teria amor para todos!
Em seu corpo pequeno
Armazenara transigências
E intransigências
Para cada memento nosso,
A ver com seus momentos…
Quando cresci meus pais
Contavam vivências…
Saudades de seus tempos,
Me entediava ouvi-los
E senti-los distantes…
Agora, amadurecido,
Conto minhas saudades,
Distante dos sonhos novos
De meus filhos…
Meus netos entediam
De  ouvir seus pais
Contarem suas saudades…
Em mesmo trilho.




As sombras se solidificam
Quando vais embora…
Não te iludas com o esquecimento
Das coisas consideradas fúteis,
Elas são as sombras
De suas atividades fortuitas
E
Ficam solidificadas nas sombras
Que deixaste pelas vias…

Nenhum comentário:

Postar um comentário