sábado, 17 de fevereiro de 2018

O circo


Passa pela rua;
Traz presos seus leões
E seus macacos
E seus elefantes…
As pessoas olham
E não se veem neles,
Apenas as pegadas
Desses animais presos,
Tão quanto as pessoas
Que passam pela rua
Neste circo de horrores
Do mesmo modo presas
Na sua vida urbana
Suada e desprezada
Pelos domadores…









A pertinência das impertinências


Como você vê
As brigas numa rua charmosa
Entre meninos escabrosos?
Vê seus cabelos esverdeados
Com reticências? Vê algum cérebro atrás desses cabelos fedidos,
Que demonstrem inteligência?
Como você ouve esses meninos
E suas incongruências?
“Não há mais músicas como antes”
Claro que não, o antes já morreu,
Ninguém mora mais lá
Onde o sossego se perdeu…
Só você…
Agora que nós somos eu
O momento toca tambores,
Pinta cores nos olhos, finca flechas
Nos narizes… E bigorna cicatrizes…
Como você vê
O futuro desses “meninos”
Frente a você?


Arrepios


Meu cachorro morreu ontem,
Estava velho aos dez anos?
A conclusão é que nós, humanos,
Vivemos demais,
Por isso sofremos mais
Essas labirintites e diabetes,
Mas nossos corações cansados
Não podem nos deixar,
Como nossos sexos e nossa audição
E nossos colchões tortos
E nossas xícaras trincadas
E nossas cuecas sem elásticos,
Ou nossas mentes destravadas
De nossos quereres… nos deixam,
Meu cachorro é que está certo,
Eles sempre estão, com sua linguagem
Universal, que invejo, e seu olfato,
E sua cauda e seus dentes afiados…
Meu cachorro morreu ontem,
Antes de ver morrer seus hábitos.



Coisas de velho


Sinto sons familiares
Se distanciando… Lonjuras
Dessas falas costumeiras…
Alguém vendendo algodão doce
E rapadura e quebra queixo…
A buzina das charretes,
O estalido dos portões…
Sinto essas lonjuras quando sonho
Quão distantes estão as vozes
Que chamavam…
No entanto elas estão aqui,
Tudo se materializa no zumbido
Rotineiro desses ouvidos
Cansados…








Vencedores


Às vezes
O jogo está ganho
Mas é preciso jogar
Até o último segundo.
Às vezes
O jogo está perdido
Mas é preciso suar
Até o último segundo.
Admiro esses guris,
Catadores de latinhas,
Divisores de sarjetas…
Para eles o jogo
Está perdido
Mas suam suas forças
Até o último segundo.








Quando chegar a hora


O que queres, menino?
Destes o teu melhor para tanto?
Tua ideia deve estar explodindo
Dentro desta mente aberta
Para que sigas adiante…
Não tenho cacife para tanto
Mas, já perdi tantas
Que posso argumentar sobre
O que erras nas assertivas…
Então, queres mesmo ir adiante?
Pergunte ao teu coração,
Às tuas entranhas, à tua mente…
Perscrute tua alma sobre tal,
E se tudo em ti estiver de acordo,
Leia na tela do computador
Tuas chances reais…
Aí, sim, é que vais te dar mal.



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