quarta-feira, 28 de março de 2018



Envelhecências


Eu, que não me encontrava
Nesses assuntos corriqueiros
Enfim me desencontro
Na poesia travessa por inteiro…







Fuga


Volto para o mar
Como se o mar tivesse
Partido de mim…






O cara


Em menino
O cara corre atrás da bola,
Do peão, do ioiô…
Depois atrás das meninas,
Mesmo sem saber o que fazer
Com tudo isso…
Daí o cara cresce,
Continua correndo atrás
De seus valores e desvalores,
Confuso, sempre na pressa.
Um dia o cara acorda doído,
O coração adstrito,
O sangue diluído, o tempo
Transpassado em idos…
Continua construir caminhos
A cada vez mais torto,
Perdendo todas as derrotas
O cara chega à conclusão
Que o cara nasce morto.




Poliglotas


Homens dos portos
Falam todas as línguas,
Aportando velas
E mulheres lindas…
Pois a beleza é uma resposta
Aos tempos revisitados
Dos tempos nesse mar brabo
Faz cada porto
Diferentemente ágil,
Cada mulher em cada porto
Muito bela, se maquiável.












Embornal


Das vidas guardo saudades,
Num embornal de novidades…







Se tudo fosse
O que se pretendeu
Um dia,
Que monotonia…










Ascendências


Aquelas pessoas,
De tempos longínquos
Voltam nos gestos
E olhares de filhos…
Os corpos se foram,
Os olhares se tornam
Intensificados
Nos que perpetuam
Sua memória…














Meeiras


As costumeiras meeiras
Da solidão
Se assustam
A ouvir as fanfarras
E seus fanfarroneiros
Passando pela porta
Desse desterro.
Às voltas com que o tempo
Se lhes dá
Os solitários
Não erguem a cabeça
À passagem dos medianistas
Desse roteiro…
São tantos sonhos
Levados por seus andores
Com suas bandeiras
Que, cercar de erros
Cada passo já seria
Belo acerto.




O eco já não responde


Agora ir-te
É gritar aos montes
Os sonhos
Perdidos nos ontens…
O eco já não responde
Indagações casuais,
Como quem seria
A próximo noiva
Ou o primeiro rapaz…
Nessa mixórdia
De tempos transexuais
O eco já não responde
Dúvidas antes escondidas
De como surgem nas vidas
Essas mudanças sazonais.
Mas o eco se cala,
É a resposta aos gritos
Desse silêncio
Sepulcral.




À espera


Como esperar
O amanhã quando
O hoje será ontem,
Definitivamente?
Sem volta, sem rodeios
Se o esteio é a verdade
Que alude aos tempos
Passados desde hoje
Amanhã cedo…














À uma canção que começa


Enquanto a lua
Bucólica arqueja
Entre as nuvens
Desse povoado
Uma canção que começa
Nas cadeiras nas calçadas,
Nas damas dessas varandas
Cansadas…
Os varais forrados,
A lenha acesa,
Banho tomado,
Cochicham as miudezas
Sobre seus homens
E não vêm a lua,
Se indo arquejada
Sob a sombra
Da amendoeira…









Uma canção
Que começa sempre
Que se ouvem os hinos
Desses sinos em festa…
Desde de eu em criança.
Na minha infância,
Onde se cantava
Essas canções
De começos, solfejos,
Cornetas patrióticas...
Não mais… Não mais…
Não ouço das escolas
O bumbo nas manhãs,
Fico triste por esses
Meninos, que, crescidos,
Não terão essa lembrança
De sons feitos memória.






Cuidadores


Com o tempo
Confundindo idades
Segue o professor
Professando idas,
A balançar os berço
De cada vaidade
E cada descaída.
















Ribanceiras


Essas ribanceiras
De pedras agudadas
E mentes assustadas
Fazem parte do dia a dia
Dos alpinistas sangue frio
E dos nervosos periodistas…
Essas ribanceiras
Fazem parte dos solavancos
Das vidas destreladas
Dos velhos carroções
De tempos idos…












Vazados


Os baldes vazados
De excrecências
Remetem o censo
À impaciência
Das mentes jovens
Sobre coisas breves
E auto móveis.
















Nostalgia


É sempre
A mesma nostalgia,
O término do caderno
Já forrado de rabiscos
É a verdade do vivido
Algum outro dia…

sexta-feira, 23 de março de 2018


O véu das palavras


O véu das palavras
Não encobre as verdades,
Mas há de se saber que
Pode haver uma mentira
Em cada parte da verdade:
Que se foram as crianças,
Que faleceram os idosos,
Que se casaram os gays…
Em cada fato desses
Há um pouco falácia,
Das crianças que se foram
Mas não se afastaram,
Dos idosos que faleceram
Mas não findam na casa,
Dos gays que se uniram
Mas não se depreciaram.
O véu das palavras
Protege essas verdades
Entre as tantas mentiras
Jogadas nas frases
Nas obviedades.


A realidade falha


Vejo uma cadeira
Sentada sobre
Uma pessoa,
A mesa a espiar
A cena embilocada,
A manta a explicar-se
O que de gente haja
Sob sua mantada…
Vejo um cadeira
Emborcada sobre
A realidade falha.












Aos choramingos da vida


A melhor companheira
Para o luto é a luta.








Às vezes o sorriso é um açoite,
Se vindo como desfeita
Ao que te trouxe esta noite…













A vida,
Este amontoado
De momentos
É mal entendida,
Quem tem dinheiro
Sente-se dono,
Quem não tem
Sente-se escravo…
Quem tem poder
Acha-se acima da lei,
Quem não tem
Acha que a lei não existe…
É triste… Triste…
Mas a vida amontoada
Pode ser dividida
E a c ada momento
Vivida.






O paletó na cadeira


O pai que se foi,
À guerra, à luta, à fuga…
O paletó está a cobrar
Outra conduta.
São tantos amedrontados
À espera nessas janelas
Que ventilam paletós
Pelos ombros delas…
São bastardos? Ou herdados
Dessa covarde escapada
Pelos dias fadados longos?
A precisão desses ombros,
Deixados pousar poeira
No paletó na cadeira
À espera… À espera
Da próxima saideira.







Abandono


Há esse tempo
De reviver desejos;
Ah, esse tempo
De reviver desejos…
Quererias antes
Um roubado beijo.
Quererias após
Apenas o olhar,
Depois um sentimento
Menor, o desolhar…
Mas houve um tempo,
Talvez o haja ainda,
De ouvir tamancos
A vibrar a espera
Desse tempo findo.
A outra argúcia,
De contar relances,
Pedindo a volta,
Sua falta revolta,
Que foi-se e agora
E não volta mais.


Olvidos


Chaves deixadas para trás,
Chinelos na areia da praia,
O leite fervido a derramar,
Consequências da tristeza.

Esquecer celulares e filhos
Nas agências do correio,
Muletas nos trens do metrô,
Dentaduras nos banheiros…

É… Coisas imprescindíveis
Como filhos e dentaduras…
Talvez sejam os desamores

Dos momentos prometidos
Eternos por esquecidos “até
Que a morte nos separe”.






Emoções dormidas


No silêncio da noite,
Com as emoções dormidas,
O pensamento vaga
Entre as dissoluções do dia.
Nessas comoções tardias
O susto que se propala
Faz-se febre e nostalgia,
A peça pregada te alivia.
Com as emoções dormidas
O dia finda.


Inverossimilidades


Quando contarem
Em futuro próximo
As similitudes de hoje
Seremos chacotados
Pelos novos sonhadores…
Pelas verdades mentidas
Entre aspas ou parêntesis
O d ‘estético valor
Dos mandantes dessa era.
Quando verberarem
A falta de conceitos
Na fala dos togados
Seremos desacreditados
Como historiadores
De um tempo falido
Antes de apreciado…

quinta-feira, 15 de março de 2018


          Escudos  
            200 propostas, entre leis e emendas constitucionais consideradas retrógradas, avançaram no Legislativo no ano passado. Uma das medidas consideradas mais graves foi a aprovação do projeto de lei que transfere para a Justiça Militar o julgamento de crimes contra civis praticados durante operações”. Será o medo da sinceridade militar? No Rio de Janeiro, 1.035 pessoas foram mortas por policiais militares em serviço entre janeiro e novembro do ano passado, e 134 policiais tombados nesses entreveros. Em São Paulo, foram 494 vítimas até setembro, contabilizados 88 policiais. Muitos estados brasileiros não possuem estatísticas sobre essas mortes. Considerando-se as mortes de policiais por facções altamente armadas, a resposta à tamanha violência não seria outra, por falta do apoio das autoridades nas outras áreas, que têm de estar de mãos dadas com a segurança, a mais grave talvez seja a educação pela escolaridade nesses nichos abandonados, a saúde? O acesso às “regalias” das crianças das avenidas floridas? "A estrutura policial tem dentro dela a percepção que determinado tipo de pessoas em situação de vulnerabilidade podem morrer sem haver consequências", diz certo advogado. Pessoas não são objetos, mas assim são tratados pela abjeta opinião. Pessoas desprovidas de ganho, são doze milhões de desempregados, empregados mal remunerados, famílias carentes, até da sopa no jantar, se transferem para essas “comunidades” e se imiscuem entre marginais, e se tornam marginais, no sentido fétido da palavra, incham a panela fervente que os habita, o aumento da violência traz o aumento da repressão, num dominó sangrento, tombam aqui as promessas de futuro, comparar a nossa polícia “sangrenta” com as polícias do chamado primeiro mundo é uma utopia comparada à procura da fonte da juventude nos contos de fada.  A Anistia Internacional critica a escalada da violência em todo o país e o uso do Exército para cumprir funções policiais e de manutenção da ordem pública. Mas não vem a campo duelar com suas teorias o forte armamento bandido. As reuniões dos altos escalões, sempre longe do campo de batalha são inócuas, as promessas de novas penitenciárias não são cumpridas, as cadeias com o triplo de detentos de sua capacidade, são ninhos de novas bandidagens, o comando de grandes chefes, presos a sete chaves, e se comunicando enquanto incomunicáveis, são o fruto dessas reuniões, que se completam em si mesmas, entre quatro paredes, e dali não saem para a concretização. Já dizia um grande brasileiro há muitos anos: “Ou se constrói mais escolas ou teremos de construir mais cadeias no futuro”. O futuro chegou, amargo, duro, falho desde suas lideranças aos seus votantes ignaros, e pagamos com nossos medos a realidade cruel desses dias áridos. A conclusão inexorável é que mudam os atiradores, os escudos são os mesmos, os fragilizados habitantes desse país esperançoso num eterno futuro.

domingo, 11 de março de 2018


     DOIS PRESOS DUAS MEDIDAS    

         Há que se indignar com as discrepâncias de como apenar pessoas, dependendo de sua condição social, com diferenças nauseantes entre os grandes usurários e os pequenos ladrões de farinha. Enquanto os sem fundos para defesa apodrecem em cadeias superlotadas, os ladrões de fortunas do erário pagam multas e com tornozeleiras, ou até sem elas, cumprem em casas de praia suas sentenças, mesmo condenados em várias instâncias! Nessa camada de sem grana a estatística é cruel: Em 2004, o país tinha 336 mil presos.   O (Infopen), Sistema Integrado de Informações Penitenciárias do Ministério da Justiça informa que o Brasil chegou agora à marca de 622 mil presos. Desta população, 41% aguarda  julgamento atrás das grades. Ou seja, há 255 mil pessoas presas sem condenação. No Amazonas 62% dos presos são provisórios. O número de presos sem julgamento (5,5 mil) supera o número de vagas no estado (3,4 mil). Na Bahia, Ceará, Maranhão, Pernambuco, Rondônia e Sergipe o cenário é o mesmo: não existe cadeia suficiente nem para os presos condenados.    Essa situação expõe os presos à violência e abre espaço para a atuação do crime organizado. A superlotação é consequência de políticas equivocadas, como a manutenção de presos provisórios junto com condenados. Especialistas em segurança, criticam a terceirização de presídios e desinformação sobre detentos. Há um ano a Presidente do (STF), ministra Cármen Lúcia, convocou uma reunião com os presidentes dos 27 tribunais de Justiça do país para discutir a crise do sistema penitenciário. A Ministra pretende dar continuidade aos esforços do Judiciário para encontrar soluções para a crise. O ministro da Defesa, Raul Jungmann, afirmou que as Forças Armadas serão usadas mediante a demanda dos governadores dos estados afetados pela crise no sistema penitenciário. As tropas militares farão inspeção de materiais considerados proibidos nos presídios. Mas tudo continua na mesma, na obra “Memórias do Cárcere”, Graciliano Ramos, preso durante o regime do Estado Novo, relata os maus tratos, as péssimas condições de higiene e a falta de humanidade vivenciadas na rotina carcerária. Hoje ainda o sistema prisional brasileiro continua sendo visto como um símbolo de tortura. Desse modo, rever a situação social a qual o penitenciário está submetido é indispensável para avaliar seus efeitos na contemporaneidade. Primeiramente, a infraestrutura na maioria das cadeias faz com que os presos firmem uma luta diária pela sobrevivência. Mesmo que eles vivam em um regime fechado, a superlotação e deterioração das celas, e até a falta de água potável, provocam a falta de subsídio à integridade humana, visto que os indivíduos são postos à margem do descaso, tal condição repete a visão do século XIX, que o homem é fruto de seu meio. Porém, se esse olhar não for combatido, ao final da pena o indivíduo terá dificuldades para se reintegrar na sociedade e tenderá a viver do trabalho informal ou, em muitos casos, voltar ao crime. Outro problema é a negligência às condições higiênicas do público feminino que sofre com o tratamento idêntico entre os gêneros, sendo excluídos os cuidados íntimos da mulher, a maneira como os indivíduos são tratados no cárcere, sem atividades, tira dos detentos a oportunidade de reinserção social. Discordando de um candidato a presidente que prega os maus tratos, penso que a crueldade humana chegou a este ponto pela ausência de parâmetros entre as classes sociais, onde o dinheiro é o patrão das normas.

sexta-feira, 9 de março de 2018






Apelos


As luvas
Deixadas na cadeira vazia
São a presença tardia
Dos adeuses…
Que não se vão as pessoas
Cujas mãos socorreram,
Os socorridos não são
Tão fortes…
Que não se desolhem
Das fileiras as premências,
Elas não são tão serenas…
Que tempo é este
De gritos por socorro
No silêncio dos passantes
Ausentes?








Premências


Do que se alimenta
A urgência dos batalhados?
Será a premência dos fatos,
Ou dos boatos?
Será o grito dos fracos,
Ou a ordem dos fortes?
Do que realimenta
A premência das guerras?
Já lá se vão gerações
Aprisionadas em cadeias
Ou nas ignorâncias…
Do que se alimenta
Esse cabrestamento
Dos ignaros na corrente
De ferro ou de outro aço?
Tornozelados serão vistos
Arrastando-se no caminho,
Atrás da sorte ou da vontade
De um deus que os reparte
Em pesos de ouro,
Ou de atos.


O cortejo
(A esses tempos eletivos)

Passam pela nossa rua
Espécimes desaparecidas
Ao tempo das regalias…
O féretro se defende das malhas,
Aquelas esferas metálicas
De jogar com os dias,
Diz-se que foram dizimadas,
Diz-se que foram desistidas…
Qual nada…
Passeiam pela rua almofadadas
Em caixões de primeira freguesia…
E através do tempo desalmado
As almas choram suas agonias.
Entre o aqui agora e os ontens
Uma correição de vítimas
Se alonga ao canto fúnebre
Das elegias…


CONVIDO A VISITAR MINHA PÁGINA
COM VÍDEOS E TEXTOS. Disponíveis
No blog Sergiodonadio.blogspot.com
Editoras: Scortecci, Saraiva. Incógnita (Portugal) 
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E seus distribuidores.

quinta-feira, 8 de março de 2018





O tempo vivido
É o rascunho da vida,
Passado a limpo





Das asas e das palavras


Nós, que não temos asas,
Voemos com as palavras…
O céu é o infinito a ambos,
Asas e palavras avoadas…








Ilhas de nadas


No faz de conta
Dos grandes viajores
A paz de uns guerreia
A paz de outros…
Haverá continentes
Além das enseadas
Ou ilhas de nadas?
No faz de conta
A vida permeia fases
E se abre… Entreabre
Sobre meninos ventos
E meninas serelepes…
E eventos passagens
De tantos arvores…
Para nada.











Entre as plantas a colher
E as plantas a plantar
Há um vazio de verão
Num calo de bem estar…








Em algum lugar
No seu tempo
Há uma estação
Desativada…







Apelos


As luvas
Deixadas na cadeira vazia
São a presença tardia
Dos adeuses…
Que não se vão as pessoas
Cujas mãos socorreram,
Os socorridos não são
Tão fortes…
Que não se desolhem
Das fileiras as premências,
Elas não são tão serenas…
Que tempo é este
De gritos por socorro
No silêncio dos passantes,
Ausentes?









domingo, 4 de março de 2018


Santidades


Despenduro na parede
As dores do tempo,
Esse retrato de mim mesmo,
Amarelecidos,
Essas manchas das águas
Passadas…
Esse calor da janela aberta,
E seu hálito de roçado…
Dependuro essas paisagens
Vívidas em mim,
Sem pecado.












Enquanto caminhamos


Enquanto caminhamos
Se apequenam as distâncias…
O que seria breve
Dura uma vida, não a tua ou a minha,
A da flor que te ofertaram
E murcha antes do dia cedo.
Enquanto caminhamos
O sol se põe de novo,
A árvore assombreia
Na vida feito breve nessa teia,
Frente à eternidade das distâncias.
Enquanto caminhamos
Pensemos nas possibilidades,
De ir além de assoprar as nuvens,
Demudar as pedras
Desses caminhos ásperos…
Enquanto caminhamos
Paralisemos o vento
Que assusta as folhas soltas
E as paredes deslombadas
Desobedecendo a esperança magra
De sermos donos de tudo,
Enquanto caminhamos…
Compartes


A palavra, sem querer,
Encobre uma lágrima,
O gato aleijou-se na briga de rua
E volta
Trôpego, pedir socorro…
Quase nada,
Um lenitivo que o faça sentir-se vivo,
Uma pomada?
Um carinho?
Quase nada que não se possa atender
Sozinho….












Perpasses


A paz que te queria
Foi-se,
Abanando um lenço úmido
De consolos…
Agora, desmemoriado,
Tremes as dores
Que não se foram,
Com linimentos e cicatrizes,
Esperas,
Cuidando seu velho cachorro,
Suas dores e secreções,
Lamentos de que eras
E que se tornou extensa
Fiada de louvores:
Sacudir o tempo desengano
E ter de novo o olhar
A perpassar os anos.






As palavras difíceis


As palavras difíceis,
Aquelas que te conscientizam,
Saem da boca inesperadamente
Para outro juízo.
Aqui podemos dizer
Cada sentimento
Findo o tempo escurecido
Pela vergonha de dize-lo.
Aqui podemos soletrar
Apelos à ordem das coisas,
Primeiro a obrigação de ser,
Depois a desobrigação de não ser.
As palavras fáceis,
Aquelas que elogiam os erros
Saem da boca sem arrependimentos
Por fazer sorrir o outro,
Mesmo em desvelo.