quinta-feira, 10 de maio de 2018


Desconsolos


Aquela face
Que tive, um dia,
Arvorada de sonhos
E fantasias,
Transforma-se nessa face
Lívida que o tempo esculpiu
Nas fases de um tempo
Levado pelo tempo...
Fica o fogo extinto,
Como dizia Bandeira,
Nesta cinza fria...
São passados sentimentos,
Fases que viram a
Cada página relida...
Quem sabe inda possa
Reviver a velha alegria
Desse tempo sarcástico,
Cansado de ter sido
Alegre um dia...











Paiol de ideias


Aqui guardo meus pensares,
Paiol de ideias e saudades...
Armazeno passados rentáveis
E imprestáveis para consumo
Como fora as tardes
Deixadas ferver em fogo lento...
Como fora os dias congelados
Em climas desérticos...
Mas nada, nada pode ausentar-se
Desse paiol, sem culpa.
Paiol de arrependimentos,
Que não matam,
Mas isolam o senso dessas horas
Guardadas como alimento
Dessa alma que se emola ao tempo...
Paiol das culpas e desculpas...
Deixadas mofar ao relento.













O tempo em obras


Estamos pintando o muro
Ao cheiro velhaco dessa tinta,
Onde chapisca a calçada
E odora o ar, antes puro,
Onde a calçada divisa a grama
E lhe faz escura...
Estamos borrando o dia,
Executando formigueiros
Onde a calçada termina;
A aranha moradora fugiu antes...
Fico aqui, apenas eu,
A sentir a cabeça doendo,
O cachorro cruzou a rua
Sentindo o indesejável...
Mas, enfim, fica bonito
Este traço novo na velha corrente,
Há um tempo deixada para trás
Pelo navio viageiro e sua âncora,
Ainda servindo de estanca
Aos predadores...
Espero que amanhã renasça
A flor surgida no cimento...
Ceifada há pouco.










Tu,
Que bem sabes
A direção dos ares
Diga-me
A sorte que tenho agora
De não despertar a raiva,
Senão o carinho
Pela tal esperança,
Aquela de em criança
Pelo aniversário...
A de agora pela liberdade
De crê-lo vero.





















Este corpo,
Que se desfaz
         Em fezes
Na aspereza
Deste dia que
         Deves-te...








Na tua forma
De medir o amor
Quanto te amaste?













Limites


“Cada um com seu cada qual”,
Dizia-se há um tempo...
Calvários ditam seus limites,
A dor tem espaço finito,
Um se acha normal
Quando esquisito,
Outro se sabe esquisito
Normalmente...
Falo comigo e me redarguo
Sobre as condições de,
Quando pego, me calar
Assustado por me ter dito
O sincero pensar ralo...




















HÁ, SIM, DIFERENÇA ENTRE
O BARATO E A BARATA,
O CIGARRO E A CIGARRA,
ESTA IDEOLOGIA DE GÊNEROS...








Neste balaio guardo
Lembranças e deslembranças,
Talvez um dia separe o joio
E prepare o trigo brunido...














Mens sana


Caminhamos...
E o escuro das passadas
Funde-se ao pó da estrada.
Aonde queremos chegar,
Senão ao cansaço final?
Todas as letras são vitais
No bloco amassado de uso,
Tanto quanto a respiração
Sussurrada ao mouco ouvido
Distraído com o canto longe
De outro pássaro errante...
Caminhemos pelo trecho
Onde as águas mourejam
E o verde caminhe junto...
Talvez cheguemos ao fim
De um caminho florido,
Feito das pedras ao fundo.







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