Desconsolos
Aquela face
Que tive, um dia,
Arvorada de sonhos
E fantasias,
Transforma-se
nessa face
Lívida que o tempo
esculpiu
Nas fases de um
tempo
Levado pelo
tempo...
Fica o fogo
extinto,
Como dizia
Bandeira,
Nesta cinza
fria...
São passados
sentimentos,
Fases que viram a
Cada página
relida...
Quem sabe inda
possa
Reviver a velha
alegria
Desse tempo
sarcástico,
Cansado de ter
sido
Alegre um dia...
Paiol de ideias
Aqui guardo meus
pensares,
Paiol de ideias e
saudades...
Armazeno passados
rentáveis
E imprestáveis
para consumo
Como fora as
tardes
Deixadas ferver em
fogo lento...
Como fora os dias
congelados
Em climas
desérticos...
Mas nada, nada
pode ausentar-se
Desse paiol, sem
culpa.
Paiol de
arrependimentos,
Que não matam,
Mas isolam o senso
dessas horas
Guardadas como
alimento
Dessa alma que se
emola ao tempo...
Paiol das culpas e
desculpas...
Deixadas mofar ao
relento.
O tempo em obras
Estamos pintando o
muro
Ao cheiro velhaco
dessa tinta,
Onde chapisca a
calçada
E odora o ar,
antes puro,
Onde a calçada
divisa a grama
E lhe faz
escura...
Estamos borrando o
dia,
Executando
formigueiros
Onde a calçada
termina;
A aranha moradora
fugiu antes...
Fico aqui, apenas
eu,
A sentir a cabeça
doendo,
O cachorro cruzou
a rua
Sentindo o
indesejável...
Mas, enfim, fica
bonito
Este traço novo na
velha corrente,
Há um tempo
deixada para trás
Pelo navio
viageiro e sua âncora,
Ainda servindo de
estanca
Aos predadores...
Espero que amanhã
renasça
A flor surgida no
cimento...
Ceifada há pouco.
Tu,
Que bem sabes
A direção dos ares
Diga-me
A sorte que tenho
agora
De não despertar a
raiva,
Senão o carinho
Pela tal esperança,
Aquela de em
criança
Pelo
aniversário...
A de agora pela
liberdade
De crê-lo vero.
Este corpo,
Que se desfaz
Em fezes
Na aspereza
Deste dia que
Deves-te...
Na tua forma
De medir o amor
Quanto te amaste?
Limites
“Cada um com seu
cada qual”,
Dizia-se há um
tempo...
Calvários ditam
seus limites,
A dor tem espaço
finito,
Um se acha normal
Quando esquisito,
Outro se sabe
esquisito
Normalmente...
Falo comigo e me
redarguo
Sobre as condições
de,
Quando pego, me
calar
Assustado por me
ter dito
O sincero pensar
ralo...
HÁ, SIM, DIFERENÇA
ENTRE
O BARATO E A
BARATA,
O CIGARRO E A
CIGARRA,
ESTA IDEOLOGIA DE
GÊNEROS...
Neste balaio
guardo
Lembranças e
deslembranças,
Talvez um dia
separe o joio
E prepare o trigo
brunido...
Mens sana
Caminhamos...
E o escuro das
passadas
Funde-se ao pó da
estrada.
Aonde queremos
chegar,
Senão ao cansaço
final?
Todas as letras
são vitais
No bloco amassado
de uso,
Tanto quanto a
respiração
Sussurrada ao mouco
ouvido
Distraído com o
canto longe
De outro pássaro
errante...
Caminhemos pelo
trecho
Onde as águas
mourejam
E o verde caminhe
junto...
Talvez cheguemos
ao fim
De um caminho
florido,
Feito das pedras
ao fundo.
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