domingo, 3 de março de 2013
O bom é sonhar
O bom é sonhar
A próxima viagem...
O bom é sonhar
A próxima miragem...
Mas há os que nem
Sonham viagem alguma,
E,
Para esses a viagem
É a distância de não ir ainda.
O bom é sonhar
Uma casa nova...
Uma nova estiagem
Nessa umidade própria
Da insalubridade tísica.
É bom sonhar
Que ainda haja vida
Nessa imobilidade
Imerecida.
O bom é sonhar,
Mas há os que
Nem sonham sonhar...
Na impossibilidade
Física de o realizar!
Sonham vida alguma
Nas penúrias
De esperar... esperar
A levedura.
Ensina-nos Senhor,
A dançar um tango...
Ensina-nos a pular corda,
A dialogar com os anjos
Que os eram em meninos,
Companheiros idos
Nesses desatinos de
Não mais sonhar
O tempo morrido...
O bom é sonhar,
Que faz bem sonhar
Com os impossíveis
De algum lugar
Inacessível hoje...
Talvez amanhã, talvez
No nunca mais...
Então fica o sonho
Num sono profundo...
Que é bom sonhar
Abraçar o mundo
Que virá de lá, ao vento
Morno do equador,
Ao gelado vento
Dos pólos nevados.
Seja lá o que for
Esse vento forte
Que não foi sonhado.
O bom é sonhar
As distâncias vividas
Em algum lugar
Além das divisas
Desse teu lugar
Entre as paredes
Por ti construídas.
Pra ter proteger?
Pra cercar-te a vida!
O bom é sonhar
A próxima viagem,
Uma casa renovada?
Nem que seja isto:
A indesejada despedida...
Que seja
Uma valsa a despedida...
Que mal faz à vida
Continuar, vazia...
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