domingo, 31 de dezembro de 2017


Baile de máscaras


Uns se vestem de palhaços,
Outros se desvestem…
Por serem palhaços.
Os que se vestem de dragões
Mas são lagartos…
Os que se abotoam em gravatas,
Desnudados…
Fantasias elaboradas para esse tempo,
D’outro tempo, de quando
Cada um trazia no semblante
Seu talento!
Quão falsa essa máscara desmascara
Outra máscara,
Que encobre outra máscara…
Até o fim em pele ácida
Sob o riso fático.







JÁ ESTIVE AQUI ANTES


As coisas novas se repetem,
Embora as luminárias
Preconizem novidades.
As novidades são as mesmas
De há vinte anos, ou mais…
As cadeiras espaldeadas
Voltaram a marcar presença,
Os coturnos militares,
As vitrines fazem as luzes
Lumiarem os espelhos novos.
Os espelhos novos também
São antiguidades…
Os tempos são imemoriais
Na conclusão frente às ofertas
Dessas vésperas de natais,
Fazem concluir que
Já estive aqui antes,
Antes de perceber que voltaria
No dia hoje ceder à gula
E comer o que não devia.
Mas hoje… Hoje é véspera de natal
E sua regalia.

Amantado


Descobre-se,
Com o tempo,
Que os anjos não
Te protegem
De teus atos…
É preciso precaver-te
Dessa insanidade
De romper barreiras
Como se fora normal
Sangrar cada tarde
Sem eira nem beira,
A esperar que passe
A fome de amantar-se
Ao frio invernal
Da primavera vencida,
Afinal.










A vida
Nos trouxe até aqui
E nos levará adiante
Até que lhe aprouver…
Que ainda seja aí
A saudade da esperança.
Lembremo-nos
Dos tempos de em crianças,
Das inocências,
Penemo-nos
Dos tempos imaturos,
Sujeitemo-nos à dor
Do viver adiante…
Após o desprazer dos prazeres,
Início das consequências.
Se até nos trouxe em seu colo,
D’agora em frente
Nos deixará cambaleando
Como nos engatinhamentos,
Quando nos tornamos, em pé,
Audazes, à procura de nós mesmos
Entre as firulas e a realidade
Que apraze.
Gira mundo


Este mundo gira
E vai girando as vontades…
Saudade e esperança
Na desesperançada tarde.
Este mundo gira
O que sonhou a moçoila,
O que planejou o armador,
E em tudo nesse giro
Volta-se ao que foi.
Uns por via das dúvidas
Outros por dúvida das vias
Neste mundo a girar
Vontades e necessidades
Ao íntimo sabor…












O tamanho da roda
É você quem molda,
Refazendo o que faz
A roda que és capaz.








O galo anuncia a madrugada
Em plena hora da tarde
Nesse sol outonizado…








Controvérsias
“A camisa que te cabe
É a que te veste”


O mundo é irreal,
Deves bem saber,
Aponta para o mal
O bem querer…
Não ouse esconder tua intenção,
Que mesmo distraidamente
Acusa outrem de ser teu mal,
O mal que cirze tua presença
Ausente, que te acudi,
Não é de todo tão mau.
O mal presente nessa ausência
Me alude o mundo irreal.
O irreal do teu mundo
É que não podes provar que
O que queres ao maldizer
É mal dizeres mais profundo
Que pensas querer quando
Teu querer é o que te funde
Ao braço que te abraça,
Mesmo a miúde…




Saudando que tudo,
Não te sendo a fundo,
O que te fez o tempo
Em teu azedume confunde
Com o fazer do outro.
O que te fere mais
É o que fazer de ti,
Audaz… Da controvérsia
Que perfaz o fim da aresta
Que te inunda em brejo
Da água suja que te encove
Entre as gotas límpidas
De quando chove
Em tua ação impura
E te salva a consciência
De ter o jeito de bondade
No ato conciso à tua essência
De parecer-te nobre
De aparência
Na mesma indecência
Que te cobre.





Ementa tua alma
De pruridos deixados ser
Em tal sentido.
O mundo é mesmo irreal,
Menos mal se bem querido,
Olhado pela frente, Assim
Medido sem a má vontade
Do sentido querer-se espelho
Escondida a fronte amarga,
Que de ti tenha se partido
Antes da chegada do juízo
Que te mostra belo,
Embora o belo de ti
Tenha se ido.

CONVIDO










A camisa que te cabe
É a que te veste…










O ANO NÃO TERMINA.
PARA MIM VALE 
O ANO QUE COMEÇA











Se o ano foi bom, repita.
Se o ano foi ruim,
refaça.
Se foi mais ou menos, melhore.
Se sentiu raiva, controle-se.
Se sentiu o riso solto,
Ria outras vezes.
Se conseguiu caminhar, continue.
Se quebrou a cara, releve.
Se te ampararam a paz, retribua.
Se te quebraram a paz, amenize.
Assim é, amigo, que 
os votos de feliz ano novo
Farão efeito em ti mesmo.
Não adube o rancor, Sorria...

Sorria... Mais que de bobeira
Para quem te olha de soslaio.
A vida assim é inteira de paz.
                                                          FELIZ ANO NOVO… DE 2019…

Agitando meu otimismo utópico, consigo vislumbrar um ano novo “feliz” para 2019, com a mudança de mando, e nem é por capacidade, mas pela temeridade do laço apertado das primeiras instâncias de certos tribunais. Com esperança é possível almejar que as manobras, negociatas e favores, exercidos à sombra dos conceitos, na capital federal, retome a atividade política em vez dessa politiqueira atual, e torne o ilusório em factual, com os políticos exercendo sua gestão em nome do povo, que não quer mais um provedor de bolsas, mas o alívio nos tributos sobre ombros já arranhados de trabalhadores empregados e empregadores.
Para 2018, meu otimismo manca, pois a livre roubalheira nos preços dos combustíveis, que somam valores a tudo que consumimos, não dá espaço para sorrir, estamos pagando a conta pelos “erros” de anos a fio, que nos condenam a ser eternamente o país do futuro, já que não temos um claro presente e nosso passado sofre desses maus tratos.
Nesse momento a arrecadação imposta aos cidadãos coloca DOIS TRILHÕES de reais no bolso sem fundo do desgoverno, que os distribui conforme seus apadrinhamentos, deixando a infraestrutura do país a ver merréis. Se pagamos tanto ao estado e temos de duplicar esse pagamento para estradas pedagiadas, escolas, atendimento médico, segurança, é lícito se perguntar severamente para aonde foi o trilhão? Friso para aonde, porque nosso escorço viaja de bolso em bolso, dando a noção de movimento, mas enfrenta tantas barreiras, leia-se emendas, que não chega ao destino, inteiro. Dizem que estamos acostumados com corrupção, Falando por mim, e seguramente por alguns que conheço, não estamos não! Quando vemos o ministro (atenção revisão, é com minúscula mesmo) dizer que vai gastar bilhões a mais do que arrecada, e não fica vermelho em deixar no ar a dúvida: EM QUE?! Quando vemos a lista de grandes devedores do INSS e a cara de pau de dizerem que não tem como receber! Fora os inadimplentes falidos, como não ter como receber dos grandes bancos? Das grandes construtoras? Como descontar mais 10 reais do mínimo salarista é cabível?
Com esses disparates de um legislativo e um judiciário podres, vendendo a preços exorbitantes suas rubricas autorizatórias ao executivo para emendar valores destinados aos bolsos fundos de senadores e deputados, o único consolo é apagar da esperança o próximo ano do calendário e pular para 2019, céticos mas esperançosos de alguma alma boa nesse lamaçal se insurgir em favor do mais de duzentos milhões de predados de hoje e sempre.

A tradição de festejar a passagem de ano, mesmo nesse cenário, nos faz sorrir e brindar como um povo forte o bastante para não se deixar esmorecer, leve em sua consciência, produtor de ações positivas, batalhador que não se dá por vencido por picuinhas desse quilate, reconhecendo o erro, mas tentando acertar sempre. Parafraseando Ernest Renan num trágico momento da França do século XIX: “É preciso entender que os erros históricos cimentam a formação do futuro” Bola pra frente, então.