Floradas
poemas
O tempo passa
Como passa o trem,
Quem não se atrela
Não viaja.
As dores dos
sobressaltos
Eu poderia ter
sido
Um poeta de versos
doces
Mas o que me
aciona
É o amargo das
vidas
Que vejo e choro...
Choro, mas fecho
os olhos,
Deixo o falar
sobre,
Sem lágrimas...
Eu poderia ter
sido
Mas fiquei-me
cáustico
Frente aos fatos
de relatos.
É muita dor
Pra pouco espaço.
Cerrados
Enxergar
As mazelas
Do mundo
Dói...
Por isso
Fechamos
Olhos
Ao redor.
Abancado
Neste banco,
Entre roseiras,
Me sinto incômodo,
Então me distancio
De seus
espinhos...
Olho absorto
A paisagem humana,
Que sei espinhosa...
Assim agem todos
Se te veem
chorando
Dizem-se pesarosos
E se mantém longe
De seus espinhos...
Resistência
Onde não moram
Os meninos sábios?
(Por favor, não
Me enterrem com
Os trotskistas)
Corrompido
Com o que se
perdeu
Em palavras
amargas
Desses sábios
meninos...
- Algum deles sou
seu?
Não me confundam
Com idealistas.
A minha lavra
É o tempo vencido,
E o por vencer...
Quero usufruir
desse
Capitalismo
capenga,
Que o sonho deles
É menor que o meu,
Sendo eles melhores
Que eu.
Ajeites
A vida compõe-se
De momentos,
E todos esses
momentos
Que compõem a vida
Devem ser vividos,
Bons ou maus...
A cada sentido.
Prefiro esperar
O próximo
acontecido
Para definir
Se o atual foi bom
ou ruim,
Preciso medir
Com o compasso do
tempo
Se o que fiz e o
por fazer
Se integram...
Ou se desintegram
Ao amanhecer...
Sonhos impossíveis
Quero voar...
Voar tão alto
Para ver a terra
O planeta água...
O contador
de estórias
Está cortando
história.
Não me abismam os
mortos.
Que os mortos não
se assustem...
Os vivos temem a
morte,
Os mortos
dissertam a vida...
Talvez o tempo
passe
Eu não perceba,
Vivo cada dia
Um passado novo...
Permanência
Hoje revisito
Pessoas
Que eu bem quis...
E que bem
Quiseram-me.
Hoje revisito
Palavras
Que eu bem disse
E por bem ditas
Ficaram...
Bano
Engraçado como
As pessoas se
reservam.
Meu ex-vizinho,
(morto há algum
tempo)
Era casado com uma
amiga
De infância, mas
eu não a via
Por aqui, nem
varrendo
Ou recolhendo a
correspondência,
Deixando o lixo na
cesta...
Reclusa?
Enigmática?
Ou eu
distraidamente
Não lhe prestei
devida atenção?
Agora se foram sem
que os visse
Partindo de nossas
vidas...
Sinceramente
indevidas.
Versificar
É apenas outro
modo
De ver a vida...
Caminhos sempre
há,
Uns floridos,
Outros desérticos,
A escolha é nossa.
Outonares
Está certo,
Não estamos
Florindo mais,
Mas conservamos
Nossas raízes
Fincadas neste
Solo de antes...
Para sustentar
A nova florada
Dos primaveris
Descendentes...
Florar é
primaverar,
Estamos
outonando...
Retratos
Fotografar um momento
Não é o vivido
momento,
É apenas o sorriso
xis
Desse momento.
Viver dói menos
Que relembrar
O vivido...
É preciso
Filtrar a memória,
Lembranças podem
ser
Saudades ou
remorsos...
As piores são as
insensíveis,
Como quando vir
alguém
Padecendo dores
E não puder fazer
nada...
Então, filtre!
O dia amanhã será
O rescaldo de
hoje...
É preciso
filtrar... Filtrar
É esquecer a dor,
Mesmo a alheia.
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