quarta-feira, 5 de setembro de 2012
À Nelson Rodrigues
Quando se morre mata-se o passado,
E de algum modo o futuro é morto.
Como fora assim o cereal queimado
Deixa sem sombra esquecer olores,
Como assim fora o senhor das terras,
Das artes ou letras, política à parte,
Morre o senhor e sua sombra abate-se
Entre descendentes a cobrir apartes...
Uma só haste pode ter-se viva, outra,
Por lei, completamente esquecida,
O canto emudecido em têmpera eira.
Será a terra extinta de colheitas, mas
A palavra desse morto sobreviverá
Em cada página, por ouvida inteira.
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