segunda-feira, 10 de dezembro de 2012
Oh, bom companheiro silêncio...
Valéry
Ah, Bom companheiro...
Havia a concomitância de palavras
Não ditas
Olhadas de soslaio quando
Queríamos gritar a grita
De esperas pela esperança
Nos tempos das cigarras mortas,
Nosso tempo de em criança.
Ao companheiro silêncio
Dirijo a palavra oculta
No não dizer sonoramente
O que diga
Que a vida passou voando,
Como aquela cigarra que descubro
Estava vivendo sob a terra
Decantando sua cantata
Desse dia único de palavras
Desavindas.
Veio o silêncio das aprendizagens,
Veio o silêncio das ocupagens,
Veio o silêncio das conferencias.
Agora apenas este silêncio
Da passagem para o definitivo
Silêncio dos mais nada
A dizer ou fazer de belo,
Ou intransigente ou lerdo
No eternamente silencioso
Voltar ao ermo.
Ah... Amigo silêncio,
A ti recorro em socorro
Das minhas indecisões, prementes
Das outras badalações,
Das decisões terceiras
Que fazem cumprir a sina
De silenciar somente.
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