A pipa
No tempo do eu
menino
O vento era
companheiro
Das jornadas
vespertinas
Depois das aulas
escolares
As aulas da
vida...
Fazíamos cola de
farinha,
Linhas dos
carretéis azuis,
Papéis celofanes,
Uma miríade de
acertos
Nas aulas da
vida...
Depois... Bem
depois
Pensando tempos
idos,
Percebo que as
colas
Não enfarinham
tanto
Quanto os
celofanes
E a pipa ainda
voando
Na imaginação do
vento
Perpetuando a infância
Deixada emborcar a
ara
Dessas vidas.
Convivas
Visto que não mais
Viveremos o ontem
Acaricio este
momento
Onde o passado
esmaece.
Somo horas
vencidas
Lembro
manjedouras,
Algumas rixas de
moleques,
Uma vassoura
piaçaba,
Um porco gritando
o medo
Ao ser pego para o
corte...
Coisas passadas
que voltam
Com as canções
natalinas
E uma reza
compenetrada
Antes da ceia
A critério dos
mais velhos,
Religiosamente
obedecidos
Como se fora o
certo sempre,
Mesmo sem sentido.
Tudo nos
conformes,
Ano a ano a mesma
encenação,
Sento sobre meus
preceitos,
O passado está
dormido
Nessa nova eira de
meninos
E de futuros
rezadores
Fica o grito
desesperado
Do leitão feito
conviva
Sem ser convidado,
Antes da ceia.
Turfeiras
Mentira
Quando falam na
melhor idade...
Carbonizados como
velas gastas
Gastamos mais
combustível
Para menos
rendimento...
Mentira!
Nessas filas
prioritárias lembro
A prioridade em
outras filas,
Das dores dos
membros vencidos,
Da flacidez dos
músculos...
Mentira
Quando nos fazem
ver a idade
Entre uma faixa e
uma buzina,
E os apressados
empurradores
Ladeira abaixo...
Mentiras!
Turfeiras
Mais ou menos
encobertas
Nos fazem caminhar
Nesses círculos
calcinados
Pelos tantos fogos
extintos...
Almas plenas,
Corpos cansados,
suores frios,
Nervos retesados,
dormentes,
Doídos no acordar
do senso
Entre cobertas e
sonhos.
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