sexta-feira, 2 de outubro de 2015



Lufada


Construções erguidas
Em pedra e cimento,
Concreto que o vento
Desfaz em vidas...









Vírus


Assim se conforma a forma
Ação da prosa dito verso,
Que continua incerto.











Às vezes esmurramos
Um papel vazio
Traçando coisas de antanho...












A pele fria da cobra
Enoja? Excita?
- Entoja.









Todos os caminhos...
          Levam a Roma?


A estrada,
Que não vai a Roma,
Passeia nos pensamentos...
Trilhas de pedras polidas
Por cascos de cavalos
Desenham às vezes das idas
Que não chegaram a lugar algum
E voltam assustados com o cansaço
Dos remos e das encilhas...
Os cavalos cederam ao cansaço,
As rodas alisaram nas trilhas
E a estrada, que não vai a Roma,
Persiste intocável estria.













A vida pela metade


Metade de conveniências...
Metade das convivências...
Metade de cada metade
Partida em partes metades...

A ferocidade se explica
Na mansidão de antes
O que depressa te agita...
A vida levada a metade.

A consequência do nada
Explicado sem explicativa,
A não ser o dar de ombros:

As penas por ser vivida...
Todas as tardes a viagem
Com passagem só de ida.










Extrema unção


É mais doído, às vezes,
A ausência dos presentes
Que a presença de ausentes...
A morte, aceita como fato,
Traz na foto a continuidade
Próxima da realidade,
Discutida válida ou fingida...
A ausência aí se torna limitada
Ao momento da voz sumir
Entre suspiros e gemidos...
E a lembrança sobre a cômoda,
Um chapéu, uma bolsa,
Um sinete esquecido entre
As necessidades válidas
E as desnecessidades lustras
De algumas luvas desvestidas
Para um último brinde...
À verdade destituída...
Que o valha.

Sergiodonadio.blogspot.com
Editoras: Saraiva,Perse,
Clube de Autores, Amazon

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