Terra
de Santa cruz
Consta que na carta em que Caminha noticiava o
Rei sobre as benesses e estranhezas da Terra de Santa Cruz, além do que deveria
descrever sobre, pedia um empreguinho para um seu parente. Trinta anos depois o
Rei D. João III rateou o território entre os nobres da Corte, em capitanias
hereditárias, com o intuito duvidoso de “preservar” a união. Sei… No mesmo
sistema de apadrinhamento deu-se a desocupação das casas no Rio de Janeiro para
acomodar os fugitivos da pressão de Napoleão… e por aí vai até a Conjuração
Mineira, no ano de 1789 liderada por Joaquim José da Silva Xavier e a conjuração
baiana em 1798 liderada por Cipriano Barata, cujo principal objetivo era
libertar o Brasil do domínio português. O lema era “Liberdade, ainda que
tardia”. Para não estender muito no assunto, destaco a participação de Tomás
Antônio Gonzaga, por ser autoridade de confiança do Império: DAS “CARTAS CHILENAS” obra do Poeta, tiro pequeno
trecho para vosso julgar da similaridade com a atual Corte Suprema e seus
julgamentos: “O povo, Doroteu, é
como as moscas que correm ao lugar, onde sentem derramado o mel, é semelhante
aos corvos e aos abutres, que se ajuntam nos ermos, onde fede a carne podre… À
vista dos fatos que executa o grande chefe, decisivos da
piedade que finge, a gente corre, a ver se encontra alívio à sombra dele. Pois
dessa forma entende o néscio, em todos os delitos e demandas, pode de
absolvição lavrar sentenças... todos buscam ao chefe serem bem vistos, triste
privilégio de mendigos…” “Ah, tu, meu Sancho Pança, que foste da Baratária o
chefe, não lavraste nem uma só sentença tão discreta! E que queres, amigo, que
suceda? Esperavas, acaso, um bom governo de nosso fanfarrão? Tu não o viste em
trajes de casquilho, nessa corte? E pode, meu amigo, de um peralta formar-se,
de repente, um homem sério? Carece, Doroteu, qualquer ministro, apertados
estudos, mil exames. E pode ser o chefe omnipotente quem não sabe escrever uma
só regra onde, ao menos, se encontre o nome certo? O outro pede que lhe queime
o mau processo, onde está criminoso por ter feito o mandado, diz que os
herdeiros não lhe entregam o bem deixado, e ralha contra juízes, mortos, que
lhe deram sentença e que a fazenda lhe tiraram, Lá vai uma sentença revogada,
quando já de cabelos brancos, manda que entregue aos ausentes grossa herança” Assim vai, de semelhança em semelhança não me é difícil antever
possibilidades sobre o final do atual processo LAVAJATO, levado à Suprema
Corte, e de lá mandado soltar os condenados antes. Ao ver nos jornais os
acertos delatados e suas consequentes alforrias, para cada amigo do Rei atual,
soberbamente assentado em última instância. Quando deixaremos de ser colônia
nessa terra de Santa Cruz?
Repito: Pode, amigo, de um peralta formar-se, de repente, um
homem sério?
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