Elementos
poemas
Elementos
Sabe-se lá
Que mundo é este
Onde o vento rola
pedras,
Bate palmas no
telhado
E de lá espanta o
gato...
Talvez não seja
inerente
Ao último assalto,
Mas me assalta!
Sabe-se lá
Que vento é este
Que rola o mundo,
Tão fecundo...
Desencantos
Todo encanto se
desfaz
Olhando de perto
as faces
Rebocadas de
batons,
Olhando de perto
as águas
Conturbadas de
lixeiras...
Olhando de perto
ideias
Repensadas de
besteiras...
Vendo por dentro a
paz
Deformada pela
guerra
É esse tanto faz
Que enerva...
Rumos
Eu gostaria de
saber
Onde estão os
bêbados
De ontem...
Estão dormindo nas
sarjetas
Ou voltaram para
suas casas,
Incólumes?
Eu gostaria de
saber
Para onde vão os
perdedores
Depois de uma
aposta
Mal feita...
Para suas
famílias, desfeitas?
Eu gostaria de
saber
Mas os que sabem
Não me dizem,
Envergonhados de
terem perdido
Seus rumos
impedidos...
Pequenas pontas
As pequenas pontas
Das penas
anunciadas
Nesses poemas
cortados
De reticências
Dizem do desespero
Dos Poetas marginais
Dessa incoerência
De dizer coisas
esperadas
Corretas
Mas sinceramente
banais...
As pequenas pontas
Amarram a primeira
palavra
À palavra final
E ferem a
consciência
De ser
Normal,
Anormal?
Fora dos padrões
Dessa normalidade
fabricada
Nos rodapés dos
jornais...
Quem diria
Que o tempo faria
rugas
Na consciência?
Que o trabalho
faria calos
Na insciência?
Que o passar da
raiva
Faria negrumes
Nas faces rosadas
de antes?
Quem diria
Que a viagem seria
pouca
Para a felicidade
vingar
E por sorrisos nos
olhos
De quem volta?
Mais do que
lágrimas
Do que não volta
Mais...
Apenasmente
Uma palavra
Que não existe
Mas define o pouco
Que se pode fazer
Em uma tarde de
apenas
Sofrer...
Porque nada
explicaria melhor
Esse poder do
sentimento
De transparecer no
semblante
O erro cometido
antes...
Apenasmente essa
palavra
Define tal
sentimento
Perdido nas
aluições
Do esquecimento
Dos outros ao
redor
Do poder de ferir
Calando.
Às margens
À margem do
sentimento
Mora um senhor
sisudo
Pela experiência
de vida
Que traz no cenho
furioso...
De raivas vai-se
acabando,
Finando seus
fracos nervos
E músculos
frouxos...
À margem da
loucura
Mora o viandante
que parte
Do subúrbio para
outro,
Sacolejando num
banco seco
A procura do pão
de hoje
Na grande cidade
fera...
À margem da
cultura
Vive o menino
sujinho
Sem o socorro
esperado
Nessa cratera...
sergiodonadio
Num dia assim
Nesse dia
Cheio de
negatividades
Anunciadas
Parto para o além
rotineiro
Sonhando os sonhos
passados
De tantos outros
janeiros...
Num dia assim
Perduramos a
desesperança
De viver mais um
tempo
Sem dores...
Mais um tento de
amores
Deixados fenecer
Na relva...
Horas contadas
Quantas horas contaste
Desde ontem
famígero?
As fomes se
somaram
Às dores de ter se
perdido
Entre fronhas e
travesseiros
Numa alegoria de
insônias
Postas a render
fissuras...
Quantas horas
minitiradas
Tiveste a pachorra
de contar
Entre carneirinhos
E contas a pagar?
O dia amanhece, a
manhã
Promete o pão de
ontem,
Amanhecido, como
sua espera
Sem sentido...
O chão resvaladiço
O que te espera
Nesse chão
resvaladiço
É o amanhã novo,
Sem os espinhos de
hoje,
Calçado de
alpargatas
Não se resvalará
ao piso...
Segue, então,
Na mesma esperança
gasta,
Que te será amiga
Se isso a ti
basta...
É tão pouca a
espera
Por esse dia
inteiro
De futuros...
Desejos
A moedinha
Na fonte dos
desejos
Pode não atender
A quem a joga
Mas certamente
atende
A quem a recolhe,
De um ou outro
jeito
O desejo
Será satisfeito...
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