Fastígio
Quanto pode o momento
Perguntar se estamos
bem?
Se estamos
resmungando dores,
Estão-se perdendo
amores
Que se vão... Não
literalmente,
Mas se abastam
sentimentos
Que subsistem à
morbidez
Das idades cansadas
De não ser.
Quanto pode o dia
perguntar
Pelas manhãs sem
sol...
Apenas a agonia de
ver passar
Cada chance de
descodificar
As manias deixadas
ficar
Na artimanha de
chorar
Quando o riso é impossível...
Mas não a lágrima.
Já vi pais entristecidos
Por meras estripulias
De crianças em
adultos
Ainda sensíveis...
Vi-me nessas
macaquices
Como fora outro
tempo...
Da meninice teimosa.
Vi-me ali todo prosa,
embora
De suspensos não
saberes,
Do que aconteceria
Pelas tardes... Pelos
dias...
Por que a vida não
sabe
Das vidas não vividas
Durante as corridas
loucas
Dos dias de ambições?
Nos quadrilhões
desses dias,
Aqueles de vivência
acesa
De percorrer caminhos
tortos
Pela própria torpeza.
Sim, procuramos luxúrias
Em cada baixo de
mesa...
Sim, procuramos planuras
Nos sonhos deixados
correr
À frente das
realidades
Difíceis de
acontecer.
Por que então não
voltamos
Antes dos
amanheceres,
Quando inda era forte
A braçada e pernas
ligeiras?
Por que fomos tão
famintos,
De tantas fomes
distintas
A cada fundo de algibeira?
Pela imatura
incerteza voamos
Sem asas, apenas com
braços
Estendidos à frente
dos ombros
Abaixo das galhadas
grossas,
Voamos nossos sonhos
Se fora eles
verdades,
Descobertos, embora
tarde,
O virtual desprezo.
Por que então não
voltamos?
Talvez por ter perdidas
As pegadas do antes,
Pensadas não ter
depois.
Mas chegamos, aqui
estamos,
Aos pares, ímpares
ideias
De sonhar ainda
tardos
Arremessos
desvairados.
Porque chegamos ao
vértice
Sem o ter dobrado.
Talvez, apenas
talvez,
Desobrigados de ser.
Os sonhos têm mil
defeitos...
Mas é preciso sonhar
Para poder vivenciar
O que seria a ser
feito.
Quanto às fomes,
Nos corroeram
vontades,
E voar ficou
impossível
Pela própria
impossibilidade
De caminhar inda
eretos
À frente daqueles
sóis,
Deixados desacontecer
O âmago de todos nós.
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