Aos meus netos e a todas as crianças
Vou te mostrar os cheiros da vida...
As poses sentidas de acalmar os
nervos,
A mão que agita o vento nos galhos,
Na brisa que o mar alisa e volta...
Pro mar das balsas vazias,
Das mãos pescadoras, enguias, águas
vivas,
A santa espera por um novo Cristo
Andando sobre águas turbas desses
dias.
Eu vou te mostrar os morros que uivam
Seus consoles lentos, suas alegorias
De vacas pastando o pascer das vidas.
O quanto levita um ser que se esguia
Por entre as folhagens de volta ao dia
Da iniciação a cada corrida.
Eu vou te mostrar caminhos para a
vida,
Aquela inventada por um deus de
chegada
Uma estrela fechando sua prima afasia.
Caminhos entre a religiosidade e os templos
Regados de vinho a fé em seus
incensos.
Entre os arvoredos a obra maior,
florindo
meu Deus, O criador das vidas
Que perambulam e não se fixam
Nas raízes atrevidas entre as
formigas,
As lagartas borboletas, seres primevos
Dessa lida de erros inconsumíveis.
Vou te mostrar o quanto dói
Morrer aos pouquinhos como a batata
frita.
Entre bêbedos da noite a esvaziar-se neles
Sem segui-los, bêbedos, falíveis
erráticos
Seres entre as vidas perenes das
árvores
Manifestações de um deus que dá vidas
E pede guarida nas horas desabridas...
Esta é minha igreja, mostrada nos
dias,
Ao sol das ribeiras no vento nas
quinas,
Nas flores floridas nas pedras lisas
Entre meninos correndo suas lidas.
Enquanto
desviam dinheiros...
do livro prismas
do livro prismas
As crianças morrem
Enquanto desviam dinheiros...
As mães choramingam
Enquanto desviam dinheiros...
Os pais suam frio
Enquanto desviam dinheiros...
As escolas fecham
Enquanto desviam dinheiros...
As
comportas esvaziam
Enquanto desviam dinheiros...
Os idosos morrem de frio
Enquanto desviam dinheiros...
Os famintos se mordem
Enquanto desviam dinheiros...
As feras trucidam
Enquanto desviam dinheiros...
As outras feras revidam
Enquanto desviam dinheiros...
E, pasmo, o presidente diz
Não saber das coisas
Enquanto desviam dinheiros...
O país estafa, suspira, morre
Enquanto desviam dinheiros.
Enquanto desviam dinheiros...
Os idosos morrem de frio
Enquanto desviam dinheiros...
Os famintos se mordem
Enquanto desviam dinheiros...
As feras trucidam
Enquanto desviam dinheiros...
As outras feras revidam
Enquanto desviam dinheiros...
E, pasmo, o presidente diz
Não saber das coisas
Enquanto desviam dinheiros...
O país estafa, suspira, morre
Enquanto desviam dinheiros.
Sergiodonadio.blogspot.com
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