Queda de
braços, de vergonha, de ética, de postura...
Vendo nessas
sessões do Congresso Nacional, o empurra empurra nas galerias e o baixo calão no
palco principal e bastidores sórdidos, entristecidos eleitores que tentaram
eleger representantes se vêm “desrrepresentados”. A violência parece ser inerente ao ser humano,
desde que a posse por algo material se tornou motivo de discórdia, dos
genocídios aos tapas individuais, parece que nós nos conformamos com algumas
atitudes, mesmo sendo contrárias ao senso comum, que a cada dia estão se
tornando incomuns, quando alguém esbofeteia o outro em plena praça pública, ou
no recôndito de suas casas, nos incomoda mas não seguramos a mão que bate nem
confortamos a cara que apanha. Se assim o fizéssemos, provavelmente apanharíamos
junto. Mas, a violência que foco não é assim tão sutil, as mortes por espancamento,
trucidamento, tiros a esmo por migalhas, por diferença de opiniões, por motivos
banais que levam aos atos absurdos de ações covardes, muitas vezes contra pessoas
ou animais irracionais, sem capacidade de defesa, que são os mais atingidos,
justamente por indefesos, como crianças, idosos e deficientes... Voltando ao
nosso congresso de picuinhas entre tapas e beijos, parece-me que a última morte
por assassinato lá dentro foi do senador José
Kairala, pelas mãos de Arnon de Melo que não teve seu mandato
cassado nem qualquer punição imposta. Buscando na história as mortes
violentas remonto ao Bispo Sardinha, devorado pelos índios em 1556, Estácio de
Sá em 1567, jesuíta Francisco Pinto, trucidado por índios em 1608, Zumbi em
1695, Duclerc em 1711 a facada no Rio de Janeiro, Claudio M. da Costa,
“suicidado” ao ser preso com Tiradentes em 1789, e o próprio Tiradentes,
esquartejado em 1792... Por aí vai... Pessoas de renome como Abreu e Lima, que
dá nome à refinaria, morto por fuzilamento em 1818, Joana de Jesus, morta a
baioneta em 1822, Frei Caneca em 1825, pelos mesmos motivos políticos, assim
como Líbero Badaró em 1825, Pires Canto em 1843, Mena Barreto em 1869 na guerra
do Paraguai, Saldanha da Gama em 1895, Moreira César em 1897 combatendo Antonio
Conselheiro na guerra de Canudos, também morto na mesma situação. Carlos
Machado em atentado, no mesmo ano. Euclides da Cunha, morto a tiro. Pinheiro
Machado, a facada. João Pessoa, a tiro. Santos Dumont, suicidado por desgosto
da violência da guerra com seu invento. Lampião e Maria Bonita, degolados...
Nossa, é tanta violência para um povo dito pacífico, mas que resolve as
pendengas no braço, desinteligentemente, como agora, mais ameno é verdade, mas
cansativamente brutal, nas sessões congressuais que assistimos ao vivo na TV,
em lugar dos rambos ficcionais, esses de verdade... Que vergonha termos elegido
pessoas de tão baixo nível para nos representar! É lastimável que, ao longo dos
séculos o ser “humano” se comporte cada vez trogloditicamente frente aos seus
desafetos, como se, ao tempo da internet continuássemos ignaros às condições mutantes,
crucificando os verdadeiros trazedores de inovações humanitárias, sem pejo pelo
sangue derramado ao outro, desde que não respingue em nossos imaculados trajes
limpos, desdenhando a formação recebida de nossos pais, em geral pacíficos e
ordeiros condutores de reacionários futuros, cortando o elo da sociabilidade
prometida real.
Sergiodonadio.blogspot.com
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