A vida passa,
E por passar passeia,
Não confunda a sua
Com a alheia...
Fica o dito por não dito,
Que este tipo cheio de
razão
É um tanto esquisito...
Maçanetas
Essas pecinhas sem juízo,
Que abrem todas as portas
Mas não as sabem travar...
Como as moscas
As pessoas trombam nas
vidraças,
Voltam sempre a trombar
Sem entender o que se
passa...
Está chovendo
Está chovendo,
As pessoas se cobrem com
jornais
Pelo repentino da
aguada...
Olhos amiudados, ombros
retesados,
Na voz um soturno
inconsolado,
Todos procuram precaver-se
Como se, encolhidos, não
se molhassem tanto quanto...
Assim se encolhendo sob
jornais...
Pessoas não são como pássaros,
Essas encharcam quando
aqueles libertam-se sob essas águas,
Sábios manipulando seus
dias,
Escolhendo suas horas
E a demora de irem-se embora,
Embora continue chovendo
Sobre ombros retesados
E olhos amiudados
Porta afora.
Projeções
É tempo de poder
levantar-me,
Sento os olhos sobre esse
tempo
Passando sob meu olhar
pasmo
De o ver passar-me...
Este olhar parado no
sempre
A tempo de poder
levantar-te.
Das minhas sobras sobrará
um tempo
A dar-te, na memória do
esquecimento.
É tempo de podermos
levantar
Sonhos dormidos
E seguir em frente, mesmo
possuídos
Por cada desses repentes,
É tempo de ousar o siso,
Novo assanhamento:
O novo, o porvir, o
vento...
A sair do invólucro
fechado
E abrir as asas, e voar, e
viver o tempo
Que se fez acordado, que à
frente
Não há um abismo,
projetado
É o infinito no olhar em
frente.
sergiodonadio.blogspot.com
editoras: Scortecci, Saraiva.
Incógnita (Portugal) Amazon Kindle, Creatspace
Perse e Clube de Autores
Gerações de geradores
O mundo está posto de
ponta cabeça,
Meninos se autodenominam
homens
Mas continuam
criançando...
Homens caminham cabisbaixos,
Vencidos pelas suas
derrotas,
Pelo tempo vivido a cuidar
filhos
Que se fizeram antes homens,
Dívidas, multas às excentricidades
Dessa vida modernizada em
atos
Que se penalizam por
desconhecer
Razões que não compreendem
ser,
Por uma geração sem princípios,
Correndo para todo lado,
trombando,
Se fazendo tardos...
Voltando...
Sem definir bem suas
metas,
Metalizando imaginadas ofertas,
Pequeno nacos ambulantes
De uma sociedade a gerar
covardes
De uma covardia
incompreendida
Aos saltos.
Sei que todas as formas
São válidas,
Mas é-me difícil aceita-las.
O telefone está mudo
Há três dias e não sinto
falta,
Nem noto seu silêncio
Quando cala.
O celular queimou e não me
falta.
Sinto como não sendo desse
século,
Vivo no século dezenove,
Com algum esforço vejo-me
no vinte,
Mas,
Nunca nesse balburdio orquestrado
Pelos barulhos de um tempo
tenso,
Sem passado.
Nenhum comentário:
Postar um comentário