quarta-feira, 13 de abril de 2016

Aleives

Não me creia vero,
Não me veja histérico,
Não me saiba compreensivo
Aos erros...
Quando estou dormindo
Sou sincero...
Quando esbravejo
Estou ainda calmo...
Descarrego o que não sei
Guardar em silêncio,
Extravaso o que sinto
No momento.
Não me creia calmo
Ou histérico,
Quando durmo
Sou sincero.





Então é isso?

Então é isso:
Este tempo não faz sentido,
Não trazem louvores essas novidades
Quando vejo agredido o ser humano,
Ou animal, vejo o que é isto:
Que vida fica da vida que passa?
A que pacifica















Cesto de costura


A doméstica feitura nos botões
Remendando joelhos e vidas rotas,
Procurando nas agulhas o sermão
Ainda que gasto de vivido,
Visto e guardado
Com as coloridas linhas de bordar.
Esta cesta de guardadas estórias
Que a história não irá contar...
São as vísceras do boi e do cavalo,
Estendidas pelos lobos no quintal...
A lembrança desses uivos noturnos,
Assustadora ideia de ser mais.
Mas a fome é maior se costurada
Entre botões e linhas, e memórias
Dessas vidas trazidas lá de trás,
De onde vicejam ainda agora
As vontades idas de remendar.
Todas as formas ainda são válidas
De coser as roupas e as almas
Envilecidas pelo tempo de ficar,
Como se fora outra vida
A deixada para trás,
Costurada nos dedais...
Bródio


A história
É servida na bandeja.
Como uma cabeça de porco,
Partes que ninguém quer
Vêm aos poucos,
Aos pedaços, com seus pernis
E seus torresmos e farofas.
A história se historia
Nos comensais famintos
Entre banquetes e sobras,
Como a cabeça do porco
Servida aos demais...







Nova ira

Neste momento,
Em que a vida está difícil
E a morte fácil,
Os tangidos se esfacelam
Em cordos
De força e regalo...
Tiros perdidos e chicotes soltos
Pelas tardes de faca
Nos pescoços...



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