Nas águas do temporal
Quando as águas
desobedecem
Afogam-se lixos e meninos,
Confundem-se coisas e
abrigos...
Um cão passeando sua fome
Nesta lixeira deixou-se
levar
Nessas águas do temporal.
Casas perdidas nas beiras,
Gentes cuidadas feito
coisas,
Coisas cuidadas feito
gentes...
Confundem-se nas
incertezas
Das águas temporais...
Quando as águas
desobedecem
Nesse mundo feito de amor
e dor,
De dor e amor, de amor e
dor...
Vê-se esporadicamente um
sorriso
A conservar o siso...
Às vezes a necessidade é
tanta...
Mas diáfana, não pode ser
notada
Pelo que se preocupa
consigo
E o resto parece-lhe
nada...
Fechados
As pessoas erguem muros
E os muros derrubam as
pessoas...
Enquanto pessoas constroem
muros
Os muros desconstroem
pessoas...
Quando ficam inseguras
Sentindo-se seguras se
escondendo...
Os muros escondem às
pessoas
A realidade em volta
delas...
Por serem frágeis
Atrás de fios
eletrificados
Separando-as da companhia
Dos seus iguais...
As pessoas que erguem
muros
Cercam-se de dúvidas, e
isto
É pior que o olhar bandido
Para dentro de seus lares desavisos,
Casas que se transformam
em prisões
Deixam de serem lares
Para se tornarem
labirintos
Por onde pululam suas
feridas
E moem-se seus instintos
quando
intramuros se delimitam.
sergiodonadio.blogspot.com
Editoras: Scortecci, Saraiva.
Incógnita (Portugal)
Amazon Kindle, Creatspace
Perse e Clube de Autores
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Incógnita (Portugal)
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Perse e Clube de Autores
Quase
Nos vazios me procuro
Nos espaços intramuros
Das dores me encontro
Num sorriso de acalanto,
Aqui moramos tempos:
O passado na saudade,
O futuro na esperança,
O presente na presença
Na moldura da pintura
Que me faço dia a dia
As cores dizem quanto,
Tão-só cintilam brilhos
Arriados na temperança
Lealmente no seu estilo.
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