As paredes da verdade
Lido com as paredes da verdade,
Não me assombram promessas
Ou ofensas, ameaças ou elogios...
Os sonhados desencantaram-me...
As sombras desanuviaram-se...
No dia a dia sou o que somos todos:
Sentimento e razão alternadamente,
D’onde extraio minha força
E meus medos...
Talvez possa ceder aos ismos,
Mas volto a ser-me cada momento
Depois de cada susto,
Pois além de querer ser, sei-me,
E isto é resoluto nos meus dias
De festa ou luto.
In xallah!
Oxalá!
Amém!
Que assim seja!
Toda reza termina
bendizendo a outra,
A que se fez
sentida no ato da troca
E teve a força de
transformar
A rudeza em
singeleza de novo parto.
Que assim seja
Toda civilidade
que se eleja,
Mesmo que tarde a
fé nessa certeza
De que na finitude
da carne
Não se finda a
vida
Onde alam teve e
fez guarida.
O que dizer
Das vidas que se
vão?
E a perpetuação
das ideias?
E os versos de
Camões?
Sobrevidas do que
foi o homem
E sua palavra
ação!
Obras esculturais
de perpetuação
Nos altares da
imaginação...
Babéis de tantos
séculos...
Hieroglíficos
materiais refeitos
Na interpretação
dos sinais...
As vidas que se
vão
Deixam históricos
manuais
Para suas
perpetuações
Nos anais.
Tentativas
Diziam os antigos,
Quando se anuviava o céu
Prometendo tempestade,
Que eram os sinais dos tempos...
Diziam que quebranto
Se benzia com arruda,
E cessava o choro enjoadinho...
Verrugas, uma vez
Aderi às simpatias, e sumiram,
Nem sei de qual delas,
Eram tantas as simpatias
E benzimentos e rezas...
Eram crendices benfazejas
Aquelas das avós,
Que as penso solucionáveis
Nesses tempos amargos
De promessas politiqueiras...
Nesses sinais dos tempos
Que eu não soube decifrar...
Mas tento.
A minha face
Era a que eu me via...
Talvez ingenuamente fria.
Depois deturpou-se aos prantos
À espera de novos acalantos...
Aquela que foi minha face, um dia,
Desfez-se no correr dos tempos,
Fosse por ceticismo ou letargia,
Ou a crença de ter sido, tanto.
Mas somos humanos
E nos vemos mais que estes,
Que a um afago abanam os rabos,
Enquanto os galos se sabem galos,
E os cães, e os gatos, avizinhados...
Mas nós, humanos, nos pensamos sábios nessa infinidade
De sabedorias...
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