O estilo é o homem
“O estilo é o
homem” segundo o Conde de Buffon, frase proferida há mais de 200 anos, continua
validada pelas atuações recentes. Em 1989, na primeira eleição direta após o regime
militar a disputa foi acirrada, mas acomodou-se no tempo posterior. Em 2010 a polarização nos
ofertou uma renhida disputa de achincalho, que parecia repetir a emoção daquele
ano pós-militarismo, mas excedeu-se na baixaria. De lá pra cá a ofensão das
declarações piorou bastante, o que parecia improvável, mas se tornou verdadeira
luta sem regras tácitas. Neste ano o que era ruim piorou, onde o partidismo
baixou o nível a tal tema, que velhas amizades se inimizaram a ponto de romper o
laço vulnerável de toda relação humana. A carga de impropérios do radicalismo
bilateral afetou a percepção de diferenciar propostas reais das incumpríveis,
sonhadas, esperadas ouvir sabendo-as anuladas pela própria incoerência, mas
acreditadas pela cegueira da idolatrada voz corrente.
A tese “o
estilo é o homem” floresceu de vez nesta eleição, contrastando dois extremos
que ganharam força firmados nessa teoria, o centro foi deixado de lado num
primeiro turno barulhento e pouco esclarecedor de planejamentos governamentais,
tomando lugar no segundo turno o radicalismo provocador de ambos os lados,
ainda sem projetos confiáveis. É pena que no filtro sobrou isso: Opções entre
radicais, incoerentemente aplaudidas pelo eleitorado. Afunda-se aí a esperança
de soluções reais de nossos problemas, enquanto cidadãos sujeitos à penúria de
meios e a abundância de receios, visto que os dois contendores miraram na insolvência,
em vez de na proposição de solução para as desesperadas urgências sob a
obrigação estatal, ou seja, nenhum dos dois mostrou plano exequível para a
precariedade de nossa saúde, nossa infraestrutura, nossa educação formal, nosso
desemprego endêmico, nossa insegurança, nossas diferenças sociais, mais que
raciais, entre todas as urgências de um país que foi potência e agora é
mendicante de atenção às suas prioridades.
Voltando ao
estilo ser o homem, o que sobrou estilada é uma precária junção de bafos e
abafos, coordenada por insultos, mentiras, eufemisticamente glamorizadas fake
News, que, de novo não têm nada, autoflagelações impensadas há um tempo, a
confundir o eleitorado, amedrontado pela penúria atual e a futura prometida.
Pois bem,
terminado pleito, valham-nos os santos protetores! Que o estilo prometido ser o
homem não exagere na sua presunção de poder, alienado da obrigação de ser,
palpável ao abraço, o governante com olhos voltados para os 200 milhões de
cabeças pensantes, sim, esperançosas, apesar de...
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