O tempo
pós-moderno
O tempo em que vivemos é chamado por muitos como
“pós-modernidade” é o período em que todas as visões de mundo entram em crise e
os indivíduos estão livres para criar tudo novo. Para Zygmunt Bauman, sociólogo
polonês, a modernidade é liquida, pois se molda ao invólucro em que for colocado,
ele não utiliza o termo pós-modernidade, cunhou o conceito de “modernidade
líquida” para definir o tempo presente. Escolheu a metáfora do “líquido” ou da
fluidez como o principal aspecto do estado dessas mudanças. Um líquido sofre
constante mudança e não conserva sua forma. As formas de vida contemporânea se
assemelham pela vulnerabilidade e fluidez, incapazes de manter a mesma
identidade por muito tempo, o que reforça um estado temporário e frágil das
relações sociais e dos laços humanos. Essas mudanças de perspectivas aconteceram
em um ritmo vertiginoso a partir da segunda metade do século XX. Com as
tecnologias, o tempo se sobrepõe ao espaço. Podemos nos movimentar sem sair do
lugar. O tempo líquido permite o instantâneo e o temporário às formas de vida
contemporânea, o que reforça um estado temporário e frágil das relações sociais
e dos laços humanos. Para Freud, autor de “O mal-estar da civilização” a tese é
de que na idade moderna os seres humanos trocaram liberdade por segurança. O
excesso de ordem, repressão e a regulação do prazer gerou um mal-estar, um
sentimento de culpa. Para Bauman, “a modernidade sólida tinha um aspecto
medonho: o espectro das botas dos soldados esmagando as faces humanas" pela
estabilidade do Estado, da família, do emprego ou de outras instituições,
aceitava-se um determinado grau de autoritarismo. Segundo o sociólogo, a marca
da pós-modernidade é a própria vontade de liberdade individual, princípio que
se opõe diretamente à segurança projetada em torno de uma vida estável. Na modernidade sólida os
conceitos, ideias e estruturas sociais eram mais rígidos e inflexíveis. O mundo
tinha mais certezas. A passagem de uma modernidade a outra acarretou mudanças
em todos os aspectos da vida humana. A modernidade líquida seria "um mundo
repleto de sinais confusos, propenso a mudar com rapidez e de forma
imprevisível.” Na sociedade contemporânea emergem o individualismo, a fluidez e
a efemeridade das relações. Se a busca da felicidade se torna estritamente
individual, criamos uma ansiedade para tê-la, pois acreditamos que ela só
depende de nós mesmos, somos impulsionados pelo desejo, um querer constante que
busca novas formas de realizações, experiências e valores. O prazer é algo
desejado e como ele é uma sensação passageira, requer um estímulo contínuo. À
medida que o futuro se torna incerto o sentimento coletivo dominante é que se
deve viver o momento presente e exclusivamente para si. Dessa instabilidade e
ausência de perspectiva também nasce uma angústia, a incerteza diante da
modernidade líquida, quando os vínculos humanos têm a chance de serem rompidos
a qualquer momento, causando uma disposição ao isolamento social, onde um
grande número de pessoas escolhe uma rotina solitária. Isso também enfraquece a
solidariedade e estimula a insensibilidade em relação ao sofrimento do outro.
Esse tipo de isolamento parece ser uma contradição da globalização, que
aproxima as pessoas com a tecnologia e novas formas de comunicação, mas se tudo
ocorre com intensa velocidade, isso também se reflete nas relações pessoais. As
relações se tornam mais flexíveis, gerando níveis de insegurança maiores. Ao
mesmo tempo em que buscam o afeto, as pessoas têm medo de desenvolver relacionamentos mais profundos
que as imobilizem em um mundo em permanente movimento, gerando a solidão
solidária das redes sociais atuais, espero estar errado quanto à durabilidade
desse processo.
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