sexta-feira, 13 de setembro de 2019




Pequenos seres humanos
Dizem ter descartado a sociedade,
Quando a sociedade
É que os tem descartado...









Pequenos erros
Geram grandes reformas...










Vitalícios

As coisas vitalícias
São as mais duráveis...
Vide esses bibelôs
Esquecidos sobre armários,
Deixados atrás de vasos,
E assim as mesas e armários
Do tempo das avós...
Como estão bem,
Alinhados com o tempo
Envelhecido
Nas avós... 















Circunstancial

Por algumas circunstâncias
Chegamos a um impasse,
Cada um com seu motivamento,
Chorado ou risito,
Ridículo pensar em diferenças,
Fulano é alto, sicrano é anão,
Todos humanizados pelas circunstâncias...
Se para alguns o tempo chegou antes,
Para outros a hora está distante,
Mas o relógio está certo,
São dez da manhã para todos,
Uma manhã de sol aqui, chuva acolá...
Depende das circunstâncias!













A vida não é uma poesia

Descubro,
Talvez um pouco tarde,
O que os meninos d’agora
Já nascem sabendo,
Mas acordam esquecendo,
Que a vida não é uma poesia,
É pretexto pra chegar a ela,
Somos suscetíveis aos momentos,
Sentimos o frescor do momento
Em nossos sentimentos
E poemamos o que não seria,
Se esquecido antes...
Aí vem a chamada inspiração
A nos atormentar,
No trânsito, no vaso sanitário,
Quando solidários aos solitários...
Convivendo com tantos que passam
E não percebem que o poema,
Na poesia,
É apenas a vida desacontecendo
No dia a dia...
sergiodonadio




Leitura de um momento

Ele pensou no desespero
Da mãe...
Decidiu não se matar,
Olhou o retrato dela
Na parede do quarto,
Tirou a faca da garganta,
Sentou e chorou...
E riu-se do próprio desespero.
Do outro cômodo, menino,
Tua mãe tricota uma blusa,
E nem te olha, não te pensa,
Apenas tricota seu tempo,
Na memória de quando
Não tinha parido você,
Tinha teu pai, sua vida,
Que por sua causa sumiu...
Deixando essa penúria
De comida, teto e sentimento...
Então, enquanto você se desespera
Ela tricota e sonha tua ida...
Para Londres ou outra vida.





O tatu

Cava no chão seco
Sua casa...
Leva do chão seco
Sua lavra...







Quem sabemos
O que não sabemos
Pela intuição
Do humano...











Perspectivas

Brinquei a primeira infância,
E fui crescendo...
Enrosquei-me na adolescência,
E fui crescendo...
Amadureci em algumas décadas,
E fui crescendo...
Quando sentir que deixei de crescer
Vou pensar o que fazer
Da fase futura, sem esperança
De experimentar o novo,
De novo...















Preâmbulos

Para chegar até aqui
Viramos o mundo
De cabeça para baixo...
Sonhamos o impossível
Relendo algum relato...
Daqui vemos o ficado
Entre pedras e poeira,
Algum fato? Besteira...
Apenas boatos...
Levantando asneiras
Daquele candidato
A festeiro nato...
Para chegar acolá
Pinçamos o que não há
De verdade mentireira...











Desenvolturas

Talvez a vivacidade
Seja um erro,
Conheço certos mondongos
Bem vividos...
Enquanto alguns espertinhos
Se dão mal
Nas planejadas engrenhas
Dissonadas...
Mesmo assim
Os mais vividos não sofrem
Preconceitos banais,
Apenas têm de se mostrar
Sempre despertos...
Enquanto os menos espertos
Dormem e descansam
No seu alto astral... 
Talvez a vivacidade
Seja um erro
Descontrolável para quem
É normal.








Na parição de um verso
A menor dor, decerto...










Ainda me deito
Abraçado ao poema,
Que ficou em branco...











Bartô

Pois é, Poeta Bartô...
Estamos junto
Nessa parada
De parir a lavra...
Com ou sem dor
O renascer contínuo
De cada verso...
O inverso xingamento,
Talvez lamento,
Talvez gaitada
De quem está
Por perto....














Pastos

Não vejo a vida
Como um desafio,
Nós é que desafiamos
A vida...
Se fossemos espertos
Como o são certos animais,
Que apenas se preocupam
Em não se preocupar,
Seríamos bem melhores...
Veja como s veganos pastam,
Sem mirar horizontes,
Apenas o que está a seus pés,
Ao seu alcance...
Veja como os carnívoros
Correm atrás do seu sustento,
E como esses não se importam
Em perder um entre rebanhos
Para o predador cansado...
O desafio entre nossas vidas
Parte sempre de nós mesmo,
Podendo pastar ou predar
O pastador...

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