Pequenos seres
humanos
Dizem ter descartado
a sociedade,
Quando a sociedade
É que os tem
descartado...
Pequenos erros
Geram grandes reformas...
Vitalícios
As coisas vitalícias
São as mais
duráveis...
Vide esses bibelôs
Esquecidos sobre
armários,
Deixados atrás de
vasos,
E assim as mesas e
armários
Do tempo das avós...
Como estão bem,
Alinhados com o
tempo
Envelhecido
Nas avós...
Circunstancial
Por algumas
circunstâncias
Chegamos a um
impasse,
Cada um com seu
motivamento,
Chorado ou risito,
Ridículo pensar em
diferenças,
Fulano é alto,
sicrano é anão,
Todos humanizados
pelas circunstâncias...
Se para alguns o tempo
chegou antes,
Para outros a hora
está distante,
Mas o relógio está
certo,
São dez da manhã
para todos,
Uma manhã de sol
aqui, chuva acolá...
Depende das
circunstâncias!
A vida não é uma
poesia
Descubro,
Talvez um pouco
tarde,
O que os meninos
d’agora
Já nascem sabendo,
Mas acordam
esquecendo,
Que a vida não é uma
poesia,
É pretexto pra
chegar a ela,
Somos suscetíveis
aos momentos,
Sentimos o frescor
do momento
Em nossos
sentimentos
E poemamos o que não
seria,
Se esquecido
antes...
Aí vem a chamada
inspiração
A nos atormentar,
No trânsito, no vaso
sanitário,
Quando solidários
aos solitários...
Convivendo com
tantos que passam
E não percebem que o
poema,
Na poesia,
É apenas a vida
desacontecendo
No dia a dia...
sergiodonadio
Leitura de um
momento
Ele pensou no
desespero
Da mãe...
Decidiu não se
matar,
Olhou o retrato dela
Na parede do quarto,
Tirou a faca da
garganta,
Sentou e chorou...
E riu-se do próprio
desespero.
Do outro cômodo,
menino,
Tua mãe tricota uma
blusa,
E nem te olha, não
te pensa,
Apenas tricota seu
tempo,
Na memória de quando
Não tinha parido
você,
Tinha teu pai, sua
vida,
Que por sua causa
sumiu...
Deixando essa
penúria
De comida, teto e
sentimento...
Então, enquanto você
se desespera
Ela tricota e sonha
tua ida...
Para Londres ou outra
vida.
O tatu
Cava no chão seco
Sua casa...
Leva do chão seco
Sua lavra...
Quem sabemos
O que não sabemos
Pela intuição
Do humano...
Perspectivas
Brinquei a primeira
infância,
E fui crescendo...
Enrosquei-me na
adolescência,
E fui crescendo...
Amadureci em algumas
décadas,
E fui crescendo...
Quando sentir que
deixei de crescer
Vou pensar o que
fazer
Da fase futura, sem
esperança
De experimentar o
novo,
De novo...
Preâmbulos
Para chegar até aqui
Viramos o mundo
De cabeça para
baixo...
Sonhamos o
impossível
Relendo algum
relato...
Daqui vemos o ficado
Entre pedras e
poeira,
Algum fato?
Besteira...
Apenas boatos...
Levantando asneiras
Daquele candidato
A festeiro nato...
Para chegar acolá
Pinçamos o que não
há
De verdade
mentireira...
Desenvolturas
Talvez a vivacidade
Seja um erro,
Conheço certos
mondongos
Bem vividos...
Enquanto alguns
espertinhos
Se dão mal
Nas planejadas
engrenhas
Dissonadas...
Mesmo assim
Os mais vividos não
sofrem
Preconceitos banais,
Apenas têm de se
mostrar
Sempre despertos...
Enquanto os menos
espertos
Dormem e descansam
No seu alto
astral...
Talvez a vivacidade
Seja um erro
Descontrolável para
quem
É normal.
Na parição de um
verso
A menor dor,
decerto...
Ainda me deito
Abraçado ao poema,
Que ficou em
branco...
Bartô
Pois é, Poeta Bartô...
Estamos junto
Nessa parada
De parir a lavra...
Com ou sem dor
O renascer contínuo
De cada verso...
O inverso xingamento,
Talvez lamento,
Talvez gaitada
De quem está
Por perto....
Pastos
Não vejo a vida
Como um desafio,
Nós é que desafiamos
A vida...
Se fossemos espertos
Como o são certos
animais,
Que apenas se
preocupam
Em não se preocupar,
Seríamos bem
melhores...
Veja como s veganos
pastam,
Sem mirar
horizontes,
Apenas o que está a
seus pés,
Ao seu alcance...
Veja como os carnívoros
Correm atrás do seu
sustento,
E como esses não se
importam
Em perder um entre
rebanhos
Para o predador
cansado...
O desafio entre
nossas vidas
Parte sempre de nós
mesmo,
Podendo pastar ou
predar
O pastador...
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