A semana de 22, cem anos do modernismo
O primeiro impulso para surgir o
movimento de 1922 foi das artes plásticas, a pintora Anita Malfatti trouxe da
Europa obras de cubistas, o que provocou grande tumulto nas artes daqui,
Monteiro Lobato tachou de paranoia, mas os jovens de então, como Mario de
Andrade, descobriram na corrente antiacadêmica europeia um novo caminho. A
ideia da “semana” surgiu de Di Cavalcante, no Rio, e prosperou com Ribeiro
Couto, em São Paulo. Entre outros, Menotti Del Picchia e Guilherme de Almeida
encabeçaram a ideia de promover no Teatro Municipal a “Semana de Arte Moderna”
ganhou impulso com a solidariedade de Graça Aranha, membro da Academia
Brasileira de Letras, da qual se afastou para unir-se àqueles jovens
revolucionários. Na sua fala de apresentação disse. “É uma resultante do extremado
individualismo que vem na vaga do tempo há quase dois séculos até se espraiar
em nossa época, de que é feição avassaladora. Cada pessoa um pensamento independente,
exprimirá livremente, sem compromisso, a sua interpretação da vida, a emoção
estética que lhe vem do seu contato com a natureza. Que a arte seja fiel a si
mesma...” Os Poetas foram vaiados por sua libertação, mas depois da Semana, nas
páginas da revista Klaxon e outras, firmaram sua posição com grande tumulto, no
seu discurso na Academia Graça Aranha em 1924 proclamou que sua fundação fora
um equívoco, mas já que existia, que viva e se transforme, admitindo nela as
coisas dessa terra informe, paradoxal, todas as forças ocultas desse caos, são
elas que não permitem à língua estratificar-se e que nos afastam do falar
português e dão à linguagem brasileira
este maravilhoso encanto da aluvião, do esplendor solar, que a tornam a única
expressão viva da nossa espiritualidade coletiva. Mario de Andrade explicou: ”.
Escrevo sem pensar, tudo o que meu inconsciente grita. Penso depois, não só
para corrigir mas para explicar o que escrevi. Acredito que o lirismo, nascido
no subconsciente, acrisolado num pensamento claro ou confuso, cria frases que
são versos inteiros, sem medir sílabas com acentuação determinada. Arte, que
somada a lirismo, da Poesia, não consiste em prejudicar a doida carreira do
estado lírico para avisa-lo das pedras e cercas de arame do caminho, deixemos
que tropece, que caia e se fira. Arte é montar mais tarde o poema de repetições
fastientas, que não seja de limpar versos de exageros coloridos. ” Cem anos
depois ainda estamos a separar briga entre parnasianos e simbolistas com o
modernismo datado por aqui, mas que já era expressado por Walt Whitman em
confronto com a rigidez de Castro Alves, ou nos versos de Shakespeare em “o
vento senta no ombro de suas velas” ou ainda de Homero “A terra mugia debaixo
dos pés dos homens e dos cavalos” ou ainda mais longe no tempo, em 2 mil
a.C. Nos versos: ” O homem precisa
manter os dentes e alma limpos” todos eles sem as amarras do simbolismo
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