Desfazimentos
A morte convive-nos desde
nascidos
E vai se acentuando
morador contiguo,
Comigo, contigo, a dor do
vivido.
A morte é a vida, faz
parte disso
De sobrepor-se ao
indivíduo
Num emblemático sentido...
Tu vais sentindo sua
presença
Nas articulações que
promove
Entre fases, vividas ou
não vividas...
O fazer fácil o fazer
difícil a caminhar,
Antes aos pulos, depois
arrastados
Pés preguiços, mãos
encalacras,
Repiro tenso, voz de embargo
Desacompanhando
pensamentos.
Move-se lenta, vai-se
ajuntando
Momento a momento, gesto a
gesto,
Dor a dor, como um
incenso,
Na vela é luz,
entendimento
Arrazoado de razoes
tensas,
Frenética presença, lerda
ausência,
Dos simples gestos à ingerência
Das formas cedidas à atinência
De ser, não ser,
experimentar-se,
Desistir-se.
A morte é isso? O viver de
fases,
Do nascedouro à velhice...
Ou morredouro, ou
desencarne,
Passamento, última
viagem...
Para cada que parte
Um desfazimento.
Pode seja de repente,
diuturnamente,
Fanfarrona ou em
silêncio...
Sinais não faltam a afetar
gentes
Das oxidações às
palpitações,
Dentes frouxos, pernas
frouxas,
Mente afrouxando
desentendências
De como fazer parte das
vidas
Tais insolvências...
Tais malefícios,
desistências,
Brotam feridas, brotam
mesmices
Numa sequência de
defazências,
Como fora sempre tarde
A manhã de não acordar-se,
Plena de sol, vida ao
redor
De trabalhos por serem
feitos,
De escolas por serem
cursadas,
Vidas a serem vividas a
cada um
Ali prostrado endente
Ao sentimento de perda,
Cedo ou tarde.
Longe de princípios
alheios
Do livro contextos
O que coexiste com
princípios alheios?
Se me sei forte e me vêm
fraco, ou,
Quando fraco me fazem
forte,
Como explicar tal erro?
Como dizer o contrário do contrário
Se nem me sei vário?
Como mostrar o absurdo de
viver
Cada minuto e não antever
o resto,
Se o resto é tudo?
Como seria gerir o passado
Antes de ser futuro?
Como seria ser avô não
sendo neto?
Eu sou, pois não conheci
meu avô.
Como conviver com esse
outro,
Em quem não me reconheço,
Que vive de desistências
enquanto
Vivo de insistências?
Esta hipótese vem provar
Que posso conviver comigo,
Amigo ou inimigo,
parceiros,
Longe de princípios
alheios.
Sergiodonadio.blogspot.com
Constelação de Andrômeda
Enquanto giramos em torno
De um sol de quinta
grandeza
As grandezas se acumulam
Em sóis e suas órbitas...
Depois de nós há um mundo
Girando infortúnios de
mundos.
Descobre-se pouco a pouco
O quão pequenos somos...
Andrômeda uma promessa?
Mitologia da eterna
Grécia?
Galáxia ou banda sueca?
Do personagem do Harry
Porter
À série de TV, do Zodíaco?
Do teatro de Sófocles?
Constelação do hemisfério
Celestial norte... De que
prisma?
Talvez a cisma seja esta:
Andrômeda é uma festa!
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