A
procura
Do
livro Contexto para 1/1/15
O
que procurar no poema?
Talvez
a dor de te-lo produzido...
Talvez
o riso, outro motivo...
Peço-lhes
que procurem,
Como
num espelho,
A
sua versão do poema...
Talvez
a dor ou o riso
Independa
do que o escrito
Tenha
por dito.
O
que procurar no poema?
O
sentido dentro do meu sentido.
Talvez
o sexto sentido embutido
No
não sentido do que
Fora
dito...
Mas,
cuidado, podem encontrar
No
poema a entrelinha,
A
versão não existida...
O
que dizer ao poema?
Diga
ao menos um bom dia.
O
bom retorno que não diz
As
paradas e experiências
As
manadas de deficiências
Nunca
arguidas...
Talvez
a vida!
O
que procurar no poema?
O
que deixou transparecer
Entre
o visualizador
E
o mostrado na dor
De
te-lo vivenciado.
Então
peço que procurem,
À
luz da lanterna,
O
seu motivo, o sangrado
Motivo
de desmotivar
O
indeciso.
O
que procurar no poema?
A
atualidade da dualidade
No
que tereis por lido
E
compreendido... ?
Nunca
compreenderá
Totalmente
o não dito,
Apenas
sugerido na palavra
Que
chorou a lágrima amarga
Do
desvivido.
O
que procurar no poema?
Além
do riso e da dor,
Além
da espera e esperança
A
desesperança de esperar
Tanto...
E
voltar de mãos vazias
Para
o mesmo dessentido.
O
que procurar no poema?
O
que esperar do poema?
O
espremido saber que
Nunca
foi escrito. Apenas
Descrito
das eras vividas
Antes
disso.
Uma
vez escrito há séculos
Ainda
soa atual hoje
No
entender dos “entendidos”.
Não,
não é preciso entender
O
que quis dizer o dito
Se
não dito a tempo de sorver
A
educação do ouvido
Saturado
de problemas
Esmaecidos.
Então, por quê?
Porque
se deu ao trabalho
De
fixar a vista, cansada,
Nesse
lixo?
O
que procurar no poema?
Apenas
o trigo no joio
Que
se espalha ao vento
E
torna-se mesmo o lixo
À
porta do improviso.
O
que saber do poema?
Se
não a colha do trigo...
O
pão resultado disso
À
fome do faminto...
O
que procura no poema?
A
tua dor? O absinto?
O
choro mais duro do outro?
Então
vira a página,
Esqueça-se
nesse quesito.
A
tua dor, meu amigo,
Não
me diz respeito, mesmo
Que
eu tenha a ver com isso.
O
que procura no poema
Está
no teu não vivido!
Volta
ao teu âmago,
Ao
teu chão, ao teu riso...
Talvez
aí encontre
O
que pensa perdido.
Não
no poema, que traz
A
outra face da dor,
O
outro motivo do riso.
O
que procura no poema
Está
bem perto, na soleira
Da
porta de tua pasárgada.
O
que procura no poema
Está
no teu viver vivido
Entre
as conversas que cala
A
cada vez arguido,
Embora
não saiba disso.
O
que procura no poema
Está
na rua em que caminha
Mastigando
o almoço
Mal
digerido como a palavra
Ouvida
de relance
No
carro de som, que
Também
não tem a ver
Com
tudo isso.
O
que procurar no poema?
O
outro sentido para a dor,
Para
o riso, para o sabor
Do
tempero no destempero.
A
morte, o nascer de novo...
O
ressuscito das vezes
Em
que se viu perdido...
Talvez,
apenas talvez,
A
minha dor no teu riso.
Sergiodonadio.blogspot.com
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