Àqueles que querem morrer
hoje
Àqueles que querem morrer
hoje
A vida descomplica de ser
vivida,
A cada gesto uma nova
intenção
Acata o outro, da mão em
adeus...
Àqueles que querem morrer
hoje
Uma intenção de gerir
intenções:
Não é o momento propício
este,
Lá fora a geada
embranquece,
Lá fora a passarinha
silencia,
Lá fora a vida desponta em
vidas...
Àqueles que querem morrer
hoje
Um último aviso
retumbante:
Vais perder o melhor dessa
festa
Onde crianças cantam hinos
E avós embalançam berços...
Àqueles que querem morrer
hoje
O som dos sinos acalmou o
gelo,
As luzes resplandecem o
dia
Nascendo novamente, frio,
Aconchega o canto
desafinado
Das meninas do coro, soberbas,
Com suas faces
vermelhas...
O homem confuso
dedico aos depoentes, por seu sarcasmo
O homem confuso
Taca pedra em defunto;
O homem confuso
Bate em moribundo;
O homem confuso
Juga boi manso
No chinguiço;
O homem confuso
Convulsa a multidão
Usurpando sua razão...
Chupa do osso o tutano
Cuspindo fora o fumo,
Carpindo pelos caminhos
O descaminho de surto...
O homem confuso
Se impõe de macho
Culpando capachos outros
Por seus fracassos...
E vai adiante desmentindo
O que mentiu indontem,
Por confuso?
Sergiodonadio.blogspot.com
Conchavos
Foi-me dito que
a excentricidade
Dos
homens maus difere
Do
animal acuado em sua toca.
O
animal humano em sua toca
Ruge,
esbate-se, arregala-se...
Mas
cede ao medo...
Foi-me
dito, em segredo,
Que
certas pessoas suam frio
Ante o
improvável delírio...
Arremedo
do mau, sendo bom,
Joga suas cartas e
espera...
Foi-me dito que a espera
cansa
E esbraveja como num jogo,
Mas treme ante o real da
verdade.
Foi-me dito que o homem
mau
Teme a sinceridade do
bom...
Mas reage ao som da
lira...
Da palavra certa, da
desdita...
Não foi-me dito o quando
pode
Sangrar um homem mau
acuado
Entre o saber e sua
ignorância
Sobre deveres e poderes
alheios.
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