O porão da
serraria
Um lugar
sombrio,
Cheio de
correias largas
E
barulhentas, teias...
Enredadas em
pó de serra,
O pó das
máquinas amontoando-se
Em carrinhos
de mão
E enovelando
o ar pesado, frio,
O barulho das
emendas das correias
Pulando sobre
polias enormes...
O porão da serraria
Era o lugar
dos conformes:
Dos dedos
decepados,
Das dores nos
consertos, e,
Imprevisivelmente,
da paz.
Porões que
não existem mais...
Cheio de
mistérios e o estéreo
Enxurro da
seiva juntada ao pó,
Levada ao
cérebro...
A fazer dó.
A mó do tempo
Vendo essas
rodas d’água,
Figuras
bucólicas dos eventos,
Esses
traçadores desdentados,
Esses
ancinhos mal cuidados,
Esses
costumes desacostumados...
A roda
funcionando bombas,
A água
bombeada à casa,
Os ancinhos
despontando pragas,
Os traçadores
cortando taboas,
Esses
desacostumes letárgicos...
Era de suores
sadios,
Chapéus
ensebados
E um lenço a
limpar a testa
Do suor
empoeirado...
Vendo essas
rodas sem água,
Figuras de um
bucolismo trágico,
Vencido pelas
modernidades,
Há de se
pensar quanto
O progresso
nos atrasa...
Companhias
Estamos aqui
A pensar o
quanto vivemos
O passado na
mente presente...
E assim nos presenteamos
Com a lembrança
viva em nós.
Estamos aqui
Ou já saímos daqui?
Na memória de um tempo
Revivido sempre,
Sem nós?
Passos
Temos de vigiar
Nossos deveres e haveres
Emocionais,
financeiros,
Ou simplesmente obrigacionais...
As manhãs são
sempre inícios...
As tardes sempre despedidas.
Então pensemos
Nisso a cada etapa vencida.
Algumas
Algumas causas impossíveis...
Algumas levas são inevitáveis...
Algumas censuras, falhas.
O que fazer com algumas...
Se algumas diferem de diversas
E se comprazem em esconder
Verdades inadiáveis?
Algumas falas
imprescindíveis
Vêm à tona na
conversa variada...
Algumas
alterações, interseções,
Variações das
arbitrariedades...
Algumas vezes
fenecemos
E estamos
aqui, respondendo
Algumas ações
passadas...
Algumas
coisas cicatrizam,
Outras
sangram demais...
Impassíveis
ante a verdade
De sorrir
para não chorar.
Algumas
coisas inaudíveis
Se farão
ainda escutar...
Por decididas
ficar.
Sergiodonadio.blogspot.com
Castelos de areia
Esse
bombardeamento de recursos impetrados por (caros) advogados das “empresas”
denunciadas na operação lava-jato, tentando extinguir processos evidentemente
validados por provas, entre elas a mais contundente: a devolução de valores
extorquidos, traz à memória o famoso processo da operação chamada “castelo de
areia” operação da Polícia Federal de 2009 que
investigou crimes financeiros do Grupo Camargo Corrêa. o
Superior Tribunal de Justiça) considerou ilegal interceptações telefônicas
realizadas na Operação Com isso, todas as provas que tiveram origem nas
gravações foram consideradas nulas. As ações da operação envolveram políticos,
agentes públicos e construtoras suspeitos de participação num esquema de crimes
financeiros e desvio de verbas públicas. A maioria dos ministros seguiu o voto
da relatora do caso, ministra Maria Thereza de Assis Moura que considerou que a
operação começou de forma ilegal, a partir de denúncia anônima. A ministra
acolheu o argumento da defesa da construtora Camargo Corrêa, que entrou com
habeas corpus pedindo a nulidade das interceptações e de seus desdobramentos.
Três executivos da empresa são acusados de crimes financeiros.O desembargador
convocado Celso Limongi apresentou voto e sustentou a ilegalidade das provas. a
abrangência do pedido provocou uma “verdadeira devassa” na vida dos suspeitos O
ministro Og Fernandes foi o único a considerar a operação legal. as gravações
não foram motivadas só pela denúncia anônima, tendo em vista que agentes da PF
realizaram diligências preliminares antes de pedirem as escutas e a quebra de
sigilo dos investigados. Para ele, as investigações da PF também foram
provocadas por depoimento do doleiro Marco Antônio Cursini. Na avaliação da
relatora, no entanto, a fala do doleiro foi inserida com as apurações já
avançadas. As medidas da Castelo de Areia foram suspensas em janeiro de 2010
pelo então presidente do STJ, Cesar Asfor Rocha. O ministro entendeu que seria
melhor travar os desdobramentos da operação até a decisão final sobre a
validade das provas. Argumentou que o processo contra as empreiteiras causaria
“efeitos particularmente lesivos, por submetê-los a processo penal
aparentemente eivado de insanáveis vícios”.Esse inquérito da Polícia Federal
apura fraudes em concorrências, superfaturamento de contratos e pagamentos de
propina, além do uso do dinheiro arrecadado pelo esquema para irrigar o caixa
de partidos e mais de 200 políticos.Acontece que essa lavada provocou o Ministério
Público e o Judiciário a se adaptarem à complexidade técnica para o novo
cenário, bem mais que os escritórios de advocacia, surpreendendo os acusados da
lava-jato. Além de contar com uma nova mentalidade dos juízes novos.
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