Encerramentos
As memórias antigas
Estão ouvindo passos,
A respiração funesta
Se aproxima ao bafo...
O granito cobre ossos
Deste corpo escasso...
Por onde as pessoas
Estão rezando o terço?
Onde estarão as outras?
Quem ficou de vir
E não veio? Memórias
Funestas ouvem passos
Além da campa, o veio
De riscados auríferos...
Apenas nomes, datas,
Números, imensidade
De esquecimentos fere
A causa desse choro,
E do riso de lá fora
Lembrando momentos
Como fora agora.
Baile
A fantasia sofre
O suor da cara...
O odor que exala
Comprime narinas.
A verdade é falha,
A verdade é muda,
A verdade é surda...
E não opina.
Ouvir alegre a tristeza
Definir-se como tal
Pode ser a esperteza
Que separa açúcar e sal...
Ideias
como herança
Quando
O que
me é chegar a ser
Talvez
já não o seja,
Estarei
de mala pronta.
Como a
rotação da terra
Floresce
as primaveras
A cada
tempo,
Estejamos
nós presentes,
Ou à
nossa ausência,
Florirão
novos ensejos.
O tempo
independe da vontade
Daquele
que chega ou parte...
O que
chega traz suas malas,
O que
parte deixa suas malas,
Mas,
para que poderá servir
A ideia
deixada ficar
Entre
as poeiras de cada?
Se
roupas lhes foram moldadas,
A quem
servirão? Ao nada?
Ideias
têm medidas universais...
Assim, nesse
plantio de ideias,
Quando o
que é chegar a ser
For colhido
talvez já não seja
Necessário
ser.
Sergiodonadio.blogspot.com
Editoras: Saraiva,Perse, Incógnita Portugal
Clube de Autores, Amazon Kindle.
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