O caminhar por
essas ruas
O caminhar por
essas ruas
Sem ter o que
fazer
Além do tendo
feito sempre…
Contando as pedras
das calçadas,
Tropeçando nelas a
cada instante
Nas faixas
estendidas aos cegos,
Ter por eles a
visão das cores
Nos sons das ruas…
Que tempo é este
que me acompanha
O caminhar por
essas ruas
Sem eira nem beira
deste destino
Tosco e mofo de
caminhar
Apenas
pressentindo a dor
De cada passo…
O caminhar pela
manhã
O caminhar pela
manhã
Tem de ter
objetivo:
Banco, feira ou…
Improviso.
O caminhar pela
manhã
Com imperioso o
que fazer,
Além de caminhar…
O caminhar pela
manhã
Como que à procura
De um objeto,
lâmina, flor,
Ou um afeto!
Caminhar objetivos
Nessas manhãs de
dívidas
E acertos, ou
desacertos…
Desencontros de
quem caminha
Pelos vazios da
manhã.
O que não existe
Faz parte da
realidade…
Assim aprenda
Antes que seja tarde.
O que esperar de 2018?
Que erros da
justiça
A tornem
injustiça?
Se um dia
A vida perguntou,
Não ouvi que
queria
Saber a vida
Passa correndo
Na porta do metrô
Como quem corre
Do adeus…
Ei, você…
Ei você … Você…
Você…
Todos que passam
E se desgastam
Em querer
compreender
A mulher vender seus
filhos
Para livra-los da
fome prometida
Tentando que
possam
Vencer na vida.
Você… Ei, vocês…
Vejam de perto o
que
Vistes na Tv!
Cada dia que passa
Somos outro…
O que fica, enfim,
Veio conosco…
A vida vai
passando devagar,
Todos os dias têm
24 horas
Mas parecem
alongar-se
Cada dia mais…
Neste dia cheio de
preguiça
Me ponho a pensar
Como é difícil a
opção de levantar…
Se “fura bolo”
matasse piolho
Que nojento seria
lamber feridas
E destravar as
cracas do olho…
Sexta-feira
Cesta feita
Vamos à sesta…
Haicai sucinto
Não sai de mim
Enquanto bato
Assunto assim…
Sonolento
Quero dormir…
Mas esta ideia de
poema
Me chama, reclama,
Me cama…
Quando dói-te a
cabeça
Até ao cuco calas
a boca…
Charneira
O espelho que ora
me vê
Não me enxerga
como eu.
Sei que esta dor
não se mostra,
Que este labor se
esconde
Nas barbas por
fazer…
Charneira me
mostra em rugas
Que não me sei,
Este cansaço de
olheira
Faz-se inimigo da
vida inteira
Que me põe a
derreter.
Constatação
A poesia que se
inicia
Se irradia…
Ao pensar-me
fazedor
De discorrer meu
dia,
Não me descrevo
nele,
Delineio em si o
dia…
Se a paz desse
momento
Não lhe faz
sentido
Socorra-te desse
estorvo
Sem pensar-me
aguerrido.
Que a paz esteja
convosco
Se a guerra em
“vosco” estiver.
Quantas palavras
cabem
Num pensamento?
Esta chuva, da
grossa,
Grassa sobre roseiras
E despetala os pés
Dos meninos na
poça.
Ideia mole em
cabeça dura
Tanto bate até que
burla…
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