Remador
Os sonhos
irrealizados,
Tantos... Fazem do
futuro
Parte do passado.
O presente monótono
não destoa,
Segue ao mesmo tom
Do remo na
lagoa...
Remas contra a
correnteza, devagar,
Entoando o mesmo
verso, atoa...
Na subida das
pedras
Em que se empedra o
tempo amorfo
Como a máscara do
morto
Esculpida na proa,
Desenhada carranca
para assustar
Assusta a própria,
já vencida por outras, menos frágeis, igualmente toscas,
Como alguém que,
ao impor limites
Limitou-se a ser
apenas remador
De sua própria
dor,
Entre outras...
Âncoras arredadas
Parto sem rumo,
Que o rumo é nada,
Percorro vias de
fato
E fatalmente surjo
Onde se fecha o
caminho
Em vales, quando
as valas
Se fizeram
caminho...
Âncoras arredadas
Se transformam em
guias
Neste mar submerso
de vias...
Chego ao novo
porto,
Que eu já sabia,
De sonha-lo porto
Por sabe-lo
guia...
Tombos
O que existe em
mim
Que não sou eu?
Todas as fases se
perdem
No que em mim se
perdeu...
O que existe em
mim
Que justifique
meus passos
Em sonhos irrealizáveis?
Será a polpa da
fruta
Que não comi por
medo?
Será a flor não ofertada?
O que existe em
mim
Se não a verdade
de mim?
Sonhei ser adulto
Quando em
criança...
Sonho voltar àquela
mocidade
Perdida nos
sonhos...
O que existe em
mim
Que não sou eu
Nesses tombos?
Eis que voo
A manhã acorda-me
Para outra
realidade,
A do canto dos pássaros
E do choro das
comadres...
Que sonho agora
A manhã me proporciona
Sonhar acordado?
É um pesadelo
pensar-se
Num dia inteiro?
Talvez não seja de
todo mal
Distender-me ao
nervo,
Parar a câimbra que
me veio
Entre o sono
profundo
E o profundo
desenleio...
Por aqui passam
pessoas
Que não sonham,
apenas
Batalham o pão do
dia entre
As desnecessidades
Necessárias...
O que mais me
afeta
É perder essa
festa...
Agora sim,
Acordado em
desacordo
Levanto
espreguiçado
E vou à rua,
contrariado,
Lá me sei outra
pessoa,
A que se ilude
atoa
Com pensar tronar-se
Pássaro, eis que
voo...
O escuro brilhante
das estrelas
Terminados os serões
Que há de ser
Da experiência da
dor?
Alguma alternativa
válida
De se tentar
reviver?
Faz muito frio lá
fora,
Cá dentro o coração
Aquece os sonhos,
A mente trabalha
os sonhos,
As mãos agilizam
os sonhos,
Então por que os sonhos
Não se realizam no
contexto?
Terminados os senões
O que sobra de
real
Além dos pores de
sóis diários
E o escuro
brilhante das estrelas
A mostrar o outro
lado
De um universo
inteiro?
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