Salgamentos
Secam ao sol
As carnes salgadas
E as cabeças
crespadas
Em favor de uma
Próxima estada...
O chão tremula aos
olhos
Sob este sol de
ardume...
Secam ao sol
As madeixas das
meninas
E os chapéus dos
campeiros,
Deixados ficar nos
mourões
Entre palmeiras
nativas,
Na espera da
brisa...
As carnes salgadas
E as cabeças
crespadas,
Desluzidas...
Perdidos
Dizem que,
Dos mortos sobram
Heranças...
Bem, estou vivo,
Mas já distribuem
Uns livros soltos
De minha
estante...
Um grampeador, uma
bic,
Somem meus
guardados
Antes de
herançados...
Que se somem
À desesperança...
DE VEZ EM QUANDO,
DE QUANDO EM VEZ,
A LÁGRIMA LIMPA
A MELANCÓLICA TEZ
Como pode parecer
grandes
Os pequenos
aconteceres...
De curioso a
furioso
A distância é
milimétrica...
Os velhos lobos
Uivam calados...
Na dobra da
esquina
Em cada dobra de
esquina
Toparás com uma
nova maria,
Aquela que passou
rebolando
Já sumiu de sua
vista,
Na poeira, a
outra,
Com que vives
sonhando,
Vai sorrir na tua
poesia
Ao choro de
alegria...
Para mim a poesia
É a realidade a
contar
A história do
mundo
Na perenidade...
Mas eles preferem
Discutir politica,
Efêmeras autoridades...
Já já
desautorizadas.
Pena que não
saibam
Interpretar a
realidade
Contida no verso
solto
Entre as mentiras
De suas
verdades...
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