Sumidouro
Por onde se escoa
A retentiva de pessoas,
Que, se não estão mortas,
Estão esmaecidas na memória,
Como fotos nas enegrecidas
Paredes fumegadas
De um tempo aquecido
À lenha seca despegada
Dos morgados troncos,
Que, como pessoas, cortados
De suas raízes desverdecidas
Neste esquecimento tosco...
Dado o adiantado da hora:
Por tempo,
Que se perpetua em fato,
Ouço o chamamento
Estupefato.
A causa
É um sombrio retorno
Ao fogo extinto
Em latu sensu empático.
No perceptível desprazer da lida
Abri mão de conceitos e manias
Pra não abrir mão da vera vida...
As rugas rabiscadas pelo vivido
Entre atritos e desatritos formam
Este desenho lírico da verdade...
Visto este tempo enevoado
Saio à procura do sol
De dezembro em maio...
As cicatrizes nos lembram
A fragilidade dos membros,
E ao tempo se remendam...
Cansaço
Teoricamente
Os dias vão passando...
Vão passando...
Vão passando?
Ou somos nós que ficamos,
Assistindo derrotas?
Os dias se repetem
Com tal insistência
Que cansamos de argui-los
Sobre presenças...
Saldos
O que ficou do dia?
A vontade da alegria!
A verdade é problemática:
Obstaculiza toda mentira
Que derrapa à frente...
Assim caminhamos,
Entre tropeços e avessos
Nos encontramos,
O que salda de cada momento?
A saudade d’outros momentos
Menos tensos...
Página em branco
Estivemos fabricando luz
No escuro das intenções...
Do laço é feito promessa,
Que o dia parece pouco
Para quem tem pressa...
do depois em diante
tudo é tão distante...
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