segunda-feira, 20 de agosto de 2012
O menino
fb
Definhado
Mostra a fome
armazenada
De dias... meses...
Passado horas a fio
No fio da espera,
O trem chega e parte
Cheio de feras...
Treme as mãos
Pedintes e nem
Se sabe credor...
Que fome é esta
Que agride o olhar
Do benfeitor?
Um cara bom
dedico à memória do passamento do nosso pai Domingos em julho de 1967
fb
Meu pai, sempre o cara bom.
Foi, mas não se deixou levar.
Um dia, inda cedo na sua vida,
Contraiu esta moléstia ferina,
Que o levou tempos depois...
A sua coragem em enfrentar
As desavenças da mala-sorte
Faria suspirar a última vez
Dizendo: tô gelado sim, filha,
Mas não tem importância.
Frente ao desespero da filha,
Que a morte é parte do viver,
A parte mais lógica, explicita
Talvez a mais merecida... Ou
Não, mas a parte mais certa.
Nas incertezas de caminhar
Ele dizia e provou que, enfim,
Chegada sua hora, a coragem
Do homem acima do medo
Do macho raçudo de antes...
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