As peripécias
do Dionysio
Caro Dionysio,
cincoenta anos tem de ser escrito por extenso... Sei que já disse isso, mas
vale a pena repetir alguns anos depois, com a mesma ênfase. Lembro de algumas
reuniões de pauta que fizemos, do intercâmbio pessoal, sem internet
intercedendo, das grandes elucubrações do Dr Altevir em sua genialidade. A gente, sem querer, se torna saudosista. A
RC ta bonita que só, mas puxado pela saudade, no tempo dela azulzinha, sem
cores nem capa dura, era mais prazeroso de ler. Talvez pela intimidade com os
amigos e o conhecer de motivos: O Altevir, a Tenha, o Vitalino, o Narciso, o
Leandro, o Beffa, o Samuel, a Nadir, a Delvide, o Antonio Tenório, o J.
Mateus,o Mario Branco, nossa... tantos! Claro que não consigo lembrar todos
aqui, mas faziam um recheio delicioso de folhear. Era tempo de inocências ou
ingerências? O que mais valia era o prazer de ler o que diziam tantos
companheiros de fortúnio... esta semana a SABIMA (Sociedade amigos da
Biblioteca Pública Machado de Assis)
prestou uma homenagem, mais que merecida, ao Sr, Antonio Tenório, pela
sua vida e obra de poeta, quando ele, de memória, declamou um poema, chegando
aos noventa anos com mais memória que nós outros, que lemos nossas falas na
ocasião. Foi um bonito sarau.
Se o tempo da juvenil
idade é muito curto, guardemos a jovialidade, naquele tempo de basquete
campeão, vibramos muito com o Zinzinho e companhia, tempo de festas,
aniversários da cidade eram comemorados e bebemorados... Com as barracas das
nações, as danças, as cantorias, a cidade engalanada para os fins de ano, com
os arcos iluminando a euforia... Tantas comemorações que reavivam um pouco com
os tempos atuais... É saudosismo ou realmente a cidade era mais alegre? Até os
concursos de misses tinham outra conotação, e a RC sempre estava presente. Vivemos
agora uma cidade onde as pessoas não se conhecem, uns gatos pingados nas filas
dos bancos e mercados são-me conhecidos. A cidade cresceu com a nação, mas
parece que se desumanizou com ela, as ruas tranquilas se desinquietaram, a
violência assume ares de mando, as cercas elétricas e muros cerrados espelham
bem isso. Fico me indagando se o progresso material evidente traz um processo
enarmônico à cabeça das pessoas? Mas sou teimoso, caro Dionysio, não arredo pé
do otimismo, não ergo muro na minha casa, ou na mente, não conluio com o medo,
apenas tomo mais cuidado... Nesse tempo de utopias combalidas, prefiro sonhar
poeticamente o arrasto dos dias feros, sou itinerante e não tenho itinerário...
Apenas respiro o ar na gratuidade de respirar. O resto é comprável. Nós humanos
devemos invejar a perenidade das coisas culturais, como esta revista, antes de
tudo, da cidade. Parabéns caro amigo, pela teimosia sadia de continuar!
Lembro que a
cultura é algo eternizado na mente das pessoas, fácil conferir: Neste tempo de
eleição, se perguntar quem foi Machado de Assis, todo brasileiro deve ter
ouvido falar. Se perguntar quem foi o Presidente da República daquele tempo,
quem há de lembrar? Assim é em escala, se perguntar da RC , muitos vão se
lembrar, mais do que dos vereadores daquele tempo. Mesmo que a desmemoria da
internet interceda, haverá sempre alguém querendo ler o que se escreva. Um abraço RC
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