É preciso saber
Aos meus
netos
É preciso saber
Que não há aprovação
alheia
Para teu respirar...
E respirar é almejar futuros,
Conhecimento, viagens...
É preciso saber
Que a voz do outro
Não ordena que te cale...
Porque teu grito tem o
gesto
De resposta, em silêncio.
É preciso saber
Que a viagem pode ser o ir
Sem sair desse lugar
Em que te sentes bem,
Sem esperar do outro teu
sentir.
É preciso saber
Que depende de ti mesmo
O abrir caminhos nessa
guerra
Que alavanca tua paz,
E que disso és capaz
Sabendo as regras
Do que é preciso saber
E respirando
Esse ar de almejos,
Viajando conheceres,
Desfrutando o poder
Que a voz do outro
Não impede,
Teu grito será ouvido
No teu silenciar.
Que a viagem será ficar
Em ti, resguardado
Onde te sentes seguro.
Que não será preciso
Esperar de outros
O que preciso for,
Pois dependerá de ti
A razão de sorrir ou
chorar
Que te fará em paz.
E disso és capaz!
A senhora idosa
Do livro cotidianos
Preparou a mesa
Com chá e biscoitos
E petiscos caseiros,
Esperando a morte...
Postou-se ao espelho
Com pós e batons
E roupas missais,
Esperando a morte...
Atoalhou a cama
Com lençóis vermelhos
Guardados de antes...
Esperando a morte.
E a morte não veio
Mas lhe trouxe vida
Ao preparar-se para
Tê-la bem recebida.
Sergiodonadio.blogspot.com
A sombra do giz
Na manhã de sol
A prioridade é renascer
Das coisas deixadas morrer
A cada desistência.
A cada risco de giz
À sombra do que se fez
E do que se deixou por
fazer
Na manhã de sol.
A manhã desse sol
Será exemplo de coexistir
Com tantas estrelas
Sem perder seu brilho
Ou calor ou valência
De ser tal estrela.
Atoalhado
Atoalhemos nossa mesa
Mesmo que a visita não
venha,
Será mais bonito conviver
Com a solidão...
Sem o mármore frio de
antes
Sob os braços tensos,
Sem a sensação de vazio.
A beleza da toalha fará
A presença dos ausentes.
Saiba que aqui somamos
Nossas vidas vividas
Às vidas por viver...
Saiba que assim atoalhamos
O que seria a espera
Do vazio...
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