Escriva
Do livro enclaves
É preciso por no papel
Minha memória,
As coisas vão me
esquecendo,
As cenas em frente aos
olhos,
As que ouço, as que
vivi...
Revivento as tolerâncias
do tempo,
Esquecendo de mim em
planos
Imemoráveis...
Da meninice, que está indo
embora.
É bom essa memória escrita
Que não deixa perder
objetos
De viver-me.
Vida afora...
As pessoas se perdem
Vida afora...
Voam, rastejam, correm,
Ou simplesmente evaporam.
Essas pessoas têm
historias
Ligadas à minha...
(meu avo, morto por uma
tora)
As pessoas mortas por
ideias,
Quando não por derrotas,
Uma junção de imemórias
Do tempo vencido,
Jogado fora.
Penar
Posso contar do vivido
Que valeu a pena...
Vale a pena penar
As consequências
Por te valido estar
Entre as querências,
Por ter viajado por mares
E ideias e sonhos
E desavenças,
Como a machucadura
Que cicatriza a experiência.
lápis
Como o desenho
Feito por uma criança
A vida
É o rascunho do sonho
Mesmo que não se iguale.
Seus planos, metas,
Nas cores desses desenhos
Não se copiam depois
Com a maturidade.
O cinza é o quadro final
Que sobrou da ponta
Do lápis.
trastes
Dou-me bem com a
fidelidade
Das coisas,
E esporadicamente
Das pessoas.
Gosto que elas estejam
aqui,
À mão
Quando me apego e não quero
Esquecer
Nem das cores nem dos
formatos
Das coisas,
Nem do riso nem do chora
Das pessoas.
Assim somos,
Mas mudam tudo por hora,
e,
Se mudam...
Outros, como eu, criam raízes
Nos sofás, cadeiras e
mesas e camas,
Por isso preferimos
reformar
Quando cedem,
Coisas e pessoas, guardados
velhos
Imprestáveis talvez...
Como nós mesmos.
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