Sesmos
Do livro Cotidianos
Presumindo que,
Apesar dos pesares,
Os passarinhos cantam
Seus encantos...
Presumindo que
O canto não seja apenas
Para agradar-nos,
Seus ouvintes...
Presumindo que
As vidas se dispõem
A ceder à vida sua espera
Merecer o que não era...
Presumindo que
O poeta canta virtudes,
Não sendo suas, de outrem,
Apenas silvos de paz...
A paisagem mostra que
Somos desiguais
igualando-nos
Aos senhores dessa paz,
Não presumida ser...
Pelo acalanto que nos traz
A presença de cada voz
Delineada sob chuva
Ou ao nascer do sol...
Presumindo que
Tomamo-nos de orgulho
Por fazer parte de ser
O mundo colorido
De vozes, silvos, ruídos,
Deixados transparecer que
Estavam antes de nós
E continuarão depois...
Há de se respeitar isso,
De a vida ser desavisos
Dum tempo memorizado
Nas esferas cíclicas
E entender cada espera,
Cada sinfonia de folhas
Bailando suas primaveras
Embora ceifadas agora...
Renascidas antes do fogo
Voltar a brilhar aceiros
Deixados ser renovados
Ao canto desses matos,
Presumindo que,
Apesar dos pesares,
Os passarinhos cantem
Seus encantos.
Sergiodonadio.blogspot.com
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