A conta que não fecha
Mesmo
em plena recessão e com rombo de R$ 170 bilhões anunciado, o governo decidiu
abrir os cofres sob a alegação de que essas novas despesas bilionárias já
estavam previstas. Me engana que eu gosto, ao mesmo tempo que o presidente
interino obtém importante vitória na
Câmara, aprovando, por maioria qualificada, um projeto de desvinculação de
receitas que lhe dará mais fôlego para administrar o rombo, surgiu um mal estar
pela contradição entre medidas aprovadas na mesma leva e promessas de austeridade.
A aprovação ocorreu na mesma sessão que autorizou o reajuste salarial de
servidores do Executivo, do Judiciário e do Legislativo, uma medida que deve
tirar 52 bilhões de reais do caixa do Governo até 2018, Na sequência, a Câmara
aprovou a criação de 14 mil cargos públicos federais, três vezes mais do que
ele prometeu cortar em cargos comissionados como indicativo da disposição da
gestão de cortar na própria carne. A aprovação não passou no Senado. O
líder do governo, Aloysio Nunes, manifestou sua insatisfação com a proposta e
afirmou que não iria defender algo ao qual é contrário. Na sequência, foi o
presidente do Senado, Renan Calheiros a externar contrariedade em relação aos
projetos: “Votamos um déficit de R$170,5 bilhões e, na semana seguinte o governo
aprova na Câmara um aumento aos servidores públicos? Das duas uma: ou não
podemos dar aumento salarial, nem criar cargos, nem aumentar tetos, ou
aprovamos um déficit que não existia. Essa irresponsabilidade fiscal, mais do
que nunca, neste momento conturbado nacional, é preciso que se detenha”,
defendeu, sepultando qualquer chance de votar a proposta na Casa, o líder do
partido Eunicio Oliveira, afirmou não simpatizar com as propostas de reajuste.
Diante do impasse, o governo deixou a votação em compasso de espera. Deu para
entender? Fácil: suponha que esses números sejam o seu orçamento do lar: em
2015 as despesas com pessoal, previdência, educação e saúde mais os juros
somaram 24% a mais do que a receita. Então, seu salário mingou uma semana antes
de acabar o mês. O que você faria em sua casa? Pois é, eles não querem fazer,
querem que o vizinho pague a conta, pode? O problema é que o presidente faz um
belo discurso para a torcida, mas assina o contrário para a realidade, e o
federalismo assinado em 1891 até hoje não levanta voo, deixando de lado os
poderes estaduais e municipais, dando ao poder central a chave do cofre, para
os desmandos que continuamos a ver, inspirada na federação norte americana, de
cem anos antes da nossa, que dá autonomia aos estados membros, aqui não
funciona no mesmo ritmo. Salientando que todos os outros países que deram certo
regem-se pelo parlamentarismo. Talvez fosse a solução, porque o
presidencialismo nesses moldes, usurpado desse jeito, não funciona.
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