Papéis
Papéis
Que eram
para ser
E não
foram…
Papéis
Usados em
desuso…
Papéis
Levados a
sério, ou risos…
Papéis
Que viajam
meu juízo…
Todos
enfiados sob a luz
Do que
preciso…
Ou não
preciso
Para meu
uso.
Desagonias
No cais um
vapor,
Que já não
vaporiza a memória…
Um senhor
de engenho,
Que perdeu
sua engenhoca…
Somos
iguais nesse sonho
Apagado na
memória
De ir-se
embora…
Eu, o
vapor morto, o engenhoso,
Passando
pelos momentos
De nossas
vidas sardosas…
Houve
melhoras e pioras,
Mas isso
menos importa.
Importa
este momento
E sua
desagonia
De ser
passado…
MINHAS
DÚVIDAS:
(Em visita
ao cemitério
na semana
de finados)
É PRECISO
MORRER
PARA SER
LEBRADO,
OU
MORRENDO
SE É
ESQUECIDO?
Fósforos
Os grãos
de feijão reencarnam
À espera
da transformação…
Melhor que
os pinus
Transformados
em palitos…
Rugas
As cobras,
as árvores,
Trocam
suas casas…
Apenas os
serumanos
Enferrujam
com elas…
Sobre esse
chão
Pisaram os
dinossauros,
Agora,
coberto de asfalto,
Pisam
novos dinossauros…
Colcheias
Colcheias
Passeiam
Pelas
veias,
Consome-se
O tempo
De
memórias,
Para
decifrados
A glosa
começa
Em décima
De dois
versos
Na metade
Da
semínima…
Para todos
Os
maestros:
A terra
absorve
Os ossos
Restados
De uma
guerra
Íntima…
Depois do
recomeço
Tudo
parece mais azul
No horizonte
embaço…
De quando
se apregoava
Que a
terra era plana
E o sol é
que girava, a verdade
Tem prazo
de validade
Visita ao
túmulo
publicado
Aqui estão
pessoas amadas?
A grama
cobriu suas lajes,
As
formigas tomam conta
Desse
abandono… É grave
A
impressão de sermos NADA!
A cada
passo um número,
Um nome,
uma espera datada.
As minhas
recordações variam,
Como dos
rezadores silenciosos,
Outros
cantam, gritam amém!
Todos
viemos rever pesadelos
Cifrados
nesses corpos vazios,
Decompostos,
deixados aqui
Há um
tempo… Somos pessoas!
(Até as
que não) Esta verdade
Aflitiva
passa, deixando flores,
Voltando ao afazer da sempre
Preguiça
de pensar o amanhã.
Cadeira na
varanda
Com as
mãos crespadas,
Olhos
cansados olhando vazios,
Desesperança
ao tempo ido
Das
enveradas sutis, pausa
Uma
expressão de vago anseio
Pelo
amanhã do amanhã…
Assim vejo
o pai
Tonando as
horas febris
Ao tempo
límpido
Das manhãs
antigas…
Ainda
enlevado de memórias
Que
abarcam elos válidos
Com essas
horas ficadas
Na ilusão
das auroras
Deixadas
nevoar…
Assim
lembro o pai…
De saudade
e apreensão
Nessa
idade, agora minha,
Chegada à
hora vencida
Da manhã
de hoje
Deixada
pousar na estrita
Espera da
aguada mole
Vinda a
calhar…
Abstrações
A distância
Faz o grito cessar
Ao ouvido desatento.
O relógio cucando
Não é para lembrar,
Mas para esquecer
O tempo vivido…
O que pode haver
Atrás dos ponteiros?
As pessoas crescem,
Os sonhos diminuem,
A primeira fúria
Se acalma...
O tempo
Só perecerá tempo
Quando deixar o hoje
Para ser o era,
Sem lamento.
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Editoras: Scortecci, Saraiva. Incógnita (Portugal) Amazon Kindle, Creatspace
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Perse e Clube de Autores
Colcha de retalhos
A colcha pode mostrar
Quadrados formais de cores
Que advenham das ideias,
Sonhos… Desensonhos…
Como pode descosturar
Esses mesmos sonhos.
Estava eu em teus sonhos
A perambular por teu zelo
A reencontrar-te em mim
Quando me vi estranho
Esperando ser um zumbi
Nesta colcha que costuras
Retalhando velhos trapos
Com a alusão aos factos
Por onde me perdi…
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